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    Policial é demitido e indiciado nos EUA após matar homem negro desarmado

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    08/04/2015 03h23

    Um policial americano branco foi demitido e indiciado por homicídio nesta quarta-feira (8) depois de matar a tiros no sábado (4) um homem negro desarmado em North Charleston, no Estado americano da Carolina do Sul, informou nesta terça-feira (7) o prefeito da cidade de North Charleston, Keith Summey.

    Apesar de ter sido demitido, acrescentou o prefeito, a cidade continuará pagando o plano de saúde do policial pelo fato de sua mulher estar grávida de oito meses.

    O anúncio foi feito depois da divulgação na terça (7) de um vídeo, cedido à família do homem e a seu advogado por uma testemunha não identificada, em que se observa o policial disparando oito vezes nas costas da vítima enquanto ela fugia correndo.

    Veja vídeo

    A confusão começou depois que o agente Michael Slager, branco e de 33 anos, ordenou que o motorista de um veículo parasse por estar com uma lanterna quebrada.

    Walter Scott, negro e de 50 anos, saiu correndo após parar o veículo.

    Ele teria fugido porque tinha atrasado o pagamento da pensão de seus quatro filhos e temia ir para a prisão, explicou o advogado da família da vítima, Chris Stewart.

    Segundo os jornais americanos, Scott havia sido detido pelo menos dez vezes em decorrência do atraso nos pagamentos de pensão para seus filhos.

    No vídeo, enviado pelo advogado ao jornal "The New York Times", é possível ver o policial ordenando à vítima que ponha os braços para trás das costas quando já está no solo.

    "Quando você se equivoca, se equivoca. Quando toma uma má decisão, não importa se é um oficial ou um cidadão comum, tem de enfrentar essa decisão", disse o prefeito de North Charleston.

    O prefeito anunciou em coletiva que o agente Slager terá de responder por acusações de assassinato.

    O acusado trabalhava na polícia local havia cinco anos e antes tinha servido na Guarda Costeira dos EUA. Se condenado, poderá ser sentenciado a 30 anos ou à prisão perpétua.

    Em sua versão inicial, o policial disse que disparou porque Scott teria tentado tirar sua arma e, por isso, temeu por sua vida.

    "Temos muitos policiais bons. O que aconteceu não é aceitável na Carolina do Sul, nem reflete nossos valores ou a maneira em que a maioria de nossos agentes atuam", disse em comunicado a governadora do Estado, Nikki Haley.

    "Garanto a todos os cidadãos da Carolina do Sul que haverá um processo judicial completo. Este é um momento triste para todos no Estado, e peço que todos trabalhem unidos para que nossa comunidade se recupere", acrescenta a nota.

    Reuters/Charleston County Sheriff's Office
    Imagem cedida pela polícia de North Charleston mostra o agente Michael Slager
    Imagem cedida pela polícia de North Charleston mostra o agente Michael Slager

    O FBI e o Departamento de Justiça iniciaram uma investigação para determinar se o caso constitui uma violação de direitos civis.

    O incidente de North Charleston, a terceira maior cidade da Carolina do Sul, se soma à lista de outros casos de policiais brancos que mataram a tiros cidadãos negros desarmados ou em circunstâncias controvertidas.

    Essa questão, que se situou na primeira linha da política nacional após a morte de Michael Brown em agosto, é uma das prioridades do Departamento de Justiça, liderado pelo negro Eric Holder.

    O próprio presidente Barack Obama admitiu que existe um problema de desconfiança entre a polícia e as minorias às quais deveria servir.

    North Charleston, a cidade onde ocorreu este último incidente, tem 100.000 habitantes, sendo que 47% deles são afro-americanos e 37%, brancos.

    No entanto, 80% do departamento de polícia é composto por brancos, segundo os últimos dados de que dispõe o Departamento de Justiça, de 2007.

    O ano de 2014, o sexto na Casa Branca do primeiro presidente negro americano, foi marcado pelo ressurgimento da tensão racial nos EUA, com violentos enfrentamentos entre a polícia e minorias que lembraram os distúrbios ocorridos na década de 1960.

    Desde a morte do jovem negro Michael Brown, no dia 9 de agosto, por um agente branco, os protestos se estenderam desde a pequena cidade de Ferguson, no Estado de Missouri, a mais de 170 cidades de todo o país, incluindo Nova York, Washington e Los Angeles.

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