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    Maduro faz aceno a americanos antes de cúpula no Panamá

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    08/04/2015 23h35

    Em mais um sinal de apaziguamento entre Venezuela e EUA às vésperas da Cúpula das Américas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez elogios a um assessor da Casa Branca e um alto diplomata de Washington iniciou visita oficial a Caracas.

    Em seu programa semanal de TV e rádio, na noite de terça (7), Maduro cumprimentou o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Ben Rhodes, por baixar o tom da retórica sobre sanções americanas a funcionários de seu governo.

    "Houve declarações muito interessantes de Ben Rhodes, meu amigo Ben Rhodes, camarada Ben Rhodes", disse.

    Maduro se referia ao fato de o assessor do presidente Barack Obama ter dito, horas antes, que incluir a Venezuela na lista dos países que representam ameaça à segurança dos EUA era medida "pro forma" para justificar legalmente a aplicação de sanções.

    Rhodes explicou que os EUA não se consideram ameaçados pelo país caribenho.

    A menção da Venezuela como ameaça aos EUA é parte de um decreto assinado em março por Obama para impor sanções a sete altos funcionários do governo venezuelano acusados de reprimir protestos antigoverno em 2014, nos quais 43 pessoas morreram, incluindo estudantes e policiais.

    O decreto de Obama provocou indignação de Maduro, que exige desde então a sua revogação. Caracas disse que a medida é possível preâmbulo de confronto militar.

    Em desagravo, Maduro respondeu às sanções dos EUA promovendo alguns dos sete funcionários. O chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, general Gustavo González, por exemplo, foi promovido a ministro do Interior, Justiça e Paz logo após o anúncio do decreto.

    Na terça-feira, a promotora Katherine Harrington, responsável pela prisão de dezenas de opositores, foi nomeada vice-ministra do Sistema Integrado de Investigação Penal.

    DIPLOMACIA

    Nesta quarta, porém, o mais alto assessor do Departamento de Estado, Thomas Shannon, foi recebido em Caracas pela chanceler Delcy Rodríguez. Em comunicado, a Chancelaria disse que Rodríguez ratificou a exigência de derrogação do decreto.

    Shannon tinha audiência prevista com Maduro, que ainda não havia acontecido até as 23h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira.

    Segundo a agência Efe, a visita do americano ocorreu a convite da Venezuela.

    A movimentação entre Washington e Caracas indica que os dois governos buscam maneiras de reverter tensões antes da Cúpula das Américas, que começa nesta sexta-feira na Cidade do Panamá.
    Diplomatas da região temem que a disputa entre americanos e venezuelanos ofusque a dinâmica mais esperada do encontro: a normalização dos laços entre EUA e Cuba e a reintegração da ilha à OEA (Organização dos Estados Americanos).

    DILMA

    Outra demonstração de disposição ao diálogo com Washington teria sido dada por Maduro em telefonema à presidente Dilma Rousseff nesta quarta (8).

    Segundo nota do Planalto, o venezuelano disse estar disposto a "promover uma redução das tensões com os EUA" com base no "respeito mútuo à soberania nacional dos dois países". Dilma teria se colocado à disposição para contribuir na melhoria do diálogo entre os dois países.

    À Folha uma fonte no Planalto negou que Maduro tenha pedido a Dilma que o apoiasse numa crítica a Obama no texto final da cúpula.

    Após o telefonema com Maduro, a presidente conversou com o vice-presidente americano, Joe Biden. O Planalto não especifica se Dilma e Biden falaram sobre Venezuela.

    Segundo a nota, os dois discutiram questões relacionadas à próxima visita que a presidente fará aos EUA e foi confirmado seu encontro com Obama no Panamá.

    Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

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