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    Em cúpula no Panamá, EUA acenam a Cuba e a opositores do regime

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADAS ESPECIAIS AO PANAMÁ

    11/04/2015 01h58

    No primeiro dia da Cúpula das Américas, realizada no Panamá, o presidente dos EUA, Barack Obama, equilibrou-se em acenos a Cuba e a dissidentes do regime.

    Primeiro, o governo americano divulgou que Obama e o ditador Raúl Castro conversaram por telefone nesta quarta (8) –o segundo contato do tipo desde dezembro.

    Os dois devem ter reunião bilateral neste sábado (10), considerada histórica. Será o primeiro evento formal entre líderes dos países desde 1961.

    Nesta sexta (10), Obama e Raúl se cumprimentaram durante a abertura da Cúpula.

    O encontro, breve, no qual ambos também trocaram algumas palavras, foi testemunhado pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e Juan Manuel Santos (Colômbia), além do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

    Houve ainda, na quinta (9), reunião entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.

    Os dois países estão em processo de reaproximação diplomática, após cinco décadas de hostilidade.

    Santiago Armas/Xinhua
    Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam no início da Cúpula das Américas, no Panamá
    Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam no início da Cúpula das Américas, no Panamá

    Segundo a chancelaria cubana, Kerry e Rodríguez falaram em um clima "construtivo e de respeito", principalmente sobre a reabertura das embaixadas, um dos passos previstos no processo de reaproximação.

    Esta é a primeira vez que Cuba participa da Cúpula das Américas, que teve sua primeira edição em 1994.

    Além da reabertura de embaixadas, é iminente a retirada de Cuba, pelo governo dos EUA, da lista de países que apoiam o terrorismo.
    dissidentes

    Obama, contudo, não deixou de encontrar-se com dissidentes cubanos, durante um Foro da Sociedade Civil.

    Em sua fala, o presidente americano disse que os "tempos em que a agenda dos EUA neste hemisfério quase sempre presumiam uma interferência nossa na América Latina acabaram".

    Porém o presidente norte-americano acrescentou que seu país irá ajudar os "calados" e os "vulneráveis".

    Em discurso contundente que arrancou, mais de uma vez, aplausos acalorados, Obama disse: "Se vocês foram silenciados, tentaremos falar por vocês e junto com vocês. E, se vocês foram reprimidos, nós ajudaremos a fortalecer vocês".

    Pouco antes de sua fala, cubanos apoiadores de Raúl Castro deixaram o recinto em protesto ao que consideravam apoio do presidente norte-americano aos dissidentes.

    Obama falou a uma plateia lotada, na qual estavam presentes movimentos sociais, que incluía dissidentes cubanos e venezuelanos.

    "Queremos que sejam os cubanos os que decidam qual é o melhor caminho para sua prosperidade."

    Além disso, chamou a atenção de outros países. "Espero que todos os países presentes aqui se juntem a nós e percebam como é importante apoiar-nos nisso."

    O presidente disse ainda que "às vezes é difícil, mas é importante falar honestamente e candidamente em defesa de pessoas que são vulneráveis e que têm pouco poder, pessoas que estão sem voz."

    Acrescentou que seu país sempre irá representar, como norte-americanos, "certo grupo de valores sentimentais" e que, com vários países da América Latina, teria de passar por um "processo de normalização".

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