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    Raúl Castro critica EUA, mas poupa Obama e diz que Cuba quer dialogar

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADAS ESPECIAIS AO PANAMÁ

    11/04/2015 14h22

    Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
    Ditador de Cuba Raúl Castro (ao centro, de fones) ouve discurso de Barack Obama (à dir.)
    Ditador de Cuba Raúl Castro (ao centro, de fones) ouve discurso de EUA Barack Obama (à dir.)

    O ditador de Cuba, Raúl Castro, reafirmou neste sábado (11) que seu governo está disposto a continuar o processo de aproximação com os EUA, iniciado com o anúncio da retomada de relações entre os dois países em dezembro.

    "Reitero ao presidente Obama nossa disposição ao diálogo e à convivência civilizada entre ambos Estados, dentro de nossas profundas diferenças", disse durante a cúpula das Américas, no Panamá.

    Apesar disso, Castro voltou a reclamar do embargo à ilha e fez diversas críticas à atuação dos EUA no país ao longo da história.

    Durante seu longo discurso, no qual o presidente dos EUA Barack Obama passou mascando chiclete –ele parou de fumar e frequentemente recorre a chiclete de nicotina–, o ditador percorreu a história cubana desde os tempos da ocupação norte-americana, no século 19 e listou várias ingerências dos EUA em Cuba, entre elas a criação da prisão de Guantánamo, "usurpando nosso território".

    "A luta do povo cubano não começou com o embargo", declarou.

    Castro ainda falou sobre a Venezuela. Ele defendeu a gestão de Nicolás Maduro contra as "tentativas de desestabilização", repudiou as sanções americanas contra autoridades venezuelanas e afirmou que o país não é ameaça à segurança nacional de nenhum país nem dos Estados unidos. Foi aplaudido.

    AFAGO

    Mas, após enfileirar várias críticas contra os americanos, o líder cubano poupou Obama: "Peço desculpas ao presidente Obama porque ele não tem culpa de nada disso. Os dez presidentes americanos que vieram antes têm dívida conosco, apenas Obama que não", afirmou.

    "Ele é um homem honesto e isso se deve a sua origem humilde" continuou, logo antes de agradecer "os esforços de Obama para que o Congresso americano retire o o embargo a Cuba".

    Por fim, Castro pediu que os EUA retirem Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo.

    "Acho é um passo positivo que se decida rapidamente sobre a presença de Cuba na lista de terrorismo, na qual jamais deveria estar", afirmou Castro.

    DISCURSO DE OBAMA

    Em seu discurso mais cedo neste sábado (11) Obama discursou saudou a aproximação dos EUA com Cuba, assegurando que as mudanças abrem uma "nova era no hemisfério".

    "Nunca antes as relações com a América Latina" foram tão boas, disse durante o evento.

    O líder americano também afirmou que os EUA não estão presos ao passado quando a questão são as relações com Cuba.

    Segundo ele, os EUA procuram uma nova relação com a ilha que não fique limitada a argumentos ideológicos.

    Em seu pronunciamento, o líder americano afirmou que a Guerra Fria acabou e que não está interessado nas batalhas iniciadas antes de seu nascimento.

    "A Guerra Fria já acabou faz tempo, não quero continuar uma luta que começou antes de eu nascer", disse.

    Obama e Raúl Castro devem ter reunião bilateral neste sábado (11), considerada histórica. Será o primeiro evento formal entre líderes dos países desde 1961.

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