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    Análise

    Humanizar imagem de Hillary deve ser desafio da campanha

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    13/04/2015 12h10

    Hillary Clinton decidiu viajar de Nova York a Iowa em uma van na sua primeira viagem oficial como candidata. Cerca de 1800 km, quase como ir de São Paulo a Salvador. A van foi apelidada de Scooby Doo (pelo desenho animado, lembra?).

    A caravana começou ontem e já rendeu foto no Twitter com uma família comum e sorridente que ela conheceu em um posto de gasolina. A ex-primeira-dama admitiu durante no ano passado que não dirige um carro desde 1996 –confissão feita em uma das muitas palestras que tem feito, com cachê médio de US$ 250 mil (cerca de R$770 mil).

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    O esforço para humanizar a imagem de Hillary e tirá-la da bolha de celebridade em que vive há décadas parece ser mais exaustivo que a tal viagem ao centro do país. É em Iowa aonde acontecem as primeiras primárias entre os presidenciáveis em janeiro que vem.

    Seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, já afirmou que a mulher funciona melhor conversando com pequenos grupos, visitando comunidades, falando diretamente com eleitores. Sem o carisma e a oratória de Bill, na tevê Hillary aparece robótica e gélida, características exploradas por todas as humoristas que a imitam na tevê.

    Hillary parte como favorita para a sucessão do atual governo democrata, mas ela também parecia inevitável em 2007, um ano antes de ser derrotada por um certo senador novato chamado Barack Obama.

    No último ano, Hillary deu uma única entrevista longa na TV, onde cometeu a gafe de dizer que o casal Clinton saiu "quebrado" da Casa Branca e que sabia o que era ser pobre (pouco antes, tinham comprado por quase US$ 2 milhões (cerca de R$ 6,2 milhões) o casarão imponente na cidadezinha de Chappaqua, Estado de Nova York, onde moram até hoje; pouco depois, compraram um belo apartamento no Harlem, em Nova York).

    Enferrujada? Hillary não deu entrevistas nem para lançar sua campanha, preferindo postar um vídeo nas redes sociais.

    O vídeo reforça a toada da "Hillary mulher simples", passando a mensagem de que a campanha não é sobre ela, mas sobre americanos comuns. Ela demora a aparecer no vídeo. As estrelas da peça são parte da nova demografia americana: latinos, negros, gays, muitas mulheres –apenas um homem branco e heterossexual fala no anúncio.

    Hillary quer repetir a coalizão de "minorias" de Barack Obama, que conseguiu derrotar com folga o envelhecido establishment branco republicano.

    Sem concorrência, por enquanto, no Partido Democrata, ela só tem a temer sua própria imagem, algo distante e elitista. Pelo início de campanha, Hillary está consciente do desafio.

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