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    Guardas americanos terceirizados são sentenciados por morte de iraquianos

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/04/2015 18h34

    Quatro ex-funcionários de uma empresa privada de segurança contratada para proteger diplomatas americanos no Iraque, a Blackwater Worldwide, foram sentenciados nesta segunda (13) pela morte de 17 civis iraquianos na praça Nisour, em Bagdá, em 2007.

    Eles foram condenados em outubro do ano passado pelo Tribunal Federal dos EUA e aguardavam a definição de suas penas. Todos eram militares da reserva das Forças Armadas americanas.

    Nicholas A. Slatten, que trabalhou no Exército como sniper, foi condenado à prisão perpétua por assassinato e por ter disparado os primeiros tiros contra os civis.

    Dustin L. Heard, Evan S. Liberty e Paul A. Slough foram condenados por homicídio, tentativa de homicídio e uso de arma automática para crime violento. Eles cumprirão pena de 30 anos em regime fechado.

    A condenação foi possível porque um quinto funcionário, Jeremy P. Ridgeway, admitiu sua culpa no episódio e aceitou um acordo para testemunhar contra os colegas. Ele não foi sentenciado.

    ANTIAMERICANISMO

    O tiroteio inflamou o sentimento antiamericano no Iraque.

    O episódio começou quando um comboio que levava uma comitiva de diplomatas americanos cercado por guardas da Blackwater chegavam em uma praça em Bagdá. Um outro comboio, posicionado mais adiante, abriu fogo, matando 17 pessoas e ferindo 27.

    A companhia alegava que o comboio havia sido embocado por insurgentes e que as mortes de civis foram consequências infelizes, mas não intencionais, da guerra urbana.

    No entanto, segundo uma investigação do FBI de 2007, somente três das 17 mortes poderiam ser justificadas como uma resposta a uma iminente ameaça. Testemunhas disseram que o tiroteio ocorreu sem que houvesse provocação. Todos os mortos, entre eles crianças, estavam desarmados.

    Na época, a Blackwater era a maior empresa de segurança dos Estados Unidos que atuava no Iraque.

    Segundo o "NYT", as sentenças são uma vitória diplomática para os EUA, já que havia ceticismo da parte do governo e dos cidadãos iraquianos de que os homens seriam condenados pelo sistema judicial americano.

    A Blackwater operava em território iraquiano sem autorização do governo local.

    "O que aconteceu no dia 16 de setembro de 2007 não foi nada menos que uma atrocidade. Os Estados Unidos mostraram que, independentemente da nacionalidade, valorizam a justiça para todos", disse T.Patrick Martin, do Ministério Público Federal americano, segundo o "NYT".

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