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    Europa anuncia medidas para conter fluxo de imigrantes

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    20/04/2015 18h56

    Os líderes europeus anunciaram nesta segunda-feira (20) um pacote de medidas emergenciais para conter o fluxo de imigrantes clandestinos após o naufrágio de um barco com 700 pessoas no Mediterrâneo, no fim de semana.

    A principal é a autorização para apreender e eventualmente destruir embarcações utilizadas para fazer o trajeto entre África e Europa.

    As ações foram divulgadas ao mesmo tempo em que mais dois barcos, somando 450 pessoas, tiveram de ser resgatados –um na ilha grega de Rodes e outro entre a Líbia e a Itália.

    O governo italiano considera a situação "fora de controle" e "dramática". Segundo a Acnur (agência da ONU para refugiados), 13,5 mil pessoas foram resgatadas entre 10 e 17 de abril –mil teriam morrido no mês.

    Neste ano, 31,5 mil já tentaram a travessia. Em 2014, foram 218 mil, mais de quatro vezes o total de 2013. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que essa rota hoje é a "mais mortal do mundo" usada por imigrantes.

    Uma das medidas europeias é o fortalecimento da operação Triton, lançada ao mar em novembro com apoio de 20 países europeus e que substituiu a Mare Nostrum, chefiada pelas autoridades italianas e de maior abrangência. Líderes europeus devem se reunir nesta quinta (23) para tratar do assunto.

    "É uma vergonha e uma confissão de quanto os países fogem de sua responsabilidade e quão pouco dinheiro oferecemos para o resgate", disse Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu.

    Para entidades de direitos humanos como a Save the Children, o pacote é limitado.

    A ação divulgada tem foco no combate a aliciadores que comandam, a partir da África, o tráfico de pessoas pelo mar. A principal estratégia, por enquanto, seria controlá-los na travessia por meio de uma operação militar
    do lado europeu do Mediterrâneo.

    Combatê-los é difícil porque, para penetrar no esquema ilegal, seria preciso agir na Líbia, país que vive caos político e ponto de origem de 90% dos barcos clandestinos. Os líderes europeus prometem um projeto para tentar estabilizar a situação no país.

    O premiê da Itália, Matteo Renzi, descartou, por ora, ação militar na Líbia. "Não há condições de fazer a paz com intervenção militar. É um risco absolutamente excessivo."

    Para Renzi, um eventual bloqueio naval não teria efeito porque os traficantes não estão preocupados com a chegada dos imigrantes à Europa, só em despachá-los.

    RESGATE

    Até a noite de domingo (20), só 28 pessoas e 24 corpos haviam sido resgatados do barco que naufragou na noite de sábado (19), após sair do Egito e passar pela Líbia.

    Estimativas iniciais apontam 700 a bordo, mas um sobrevivente de Bangladesh chegou a mencionar 950, número considerado alto pelas autoridades.

    Dificilmente se saberá a quantidade exata porque não há controle sobre quantos partiram da África nem quantos caíram no mar profundo durante a travessia.

    Pelo menos 20 navios foram deslocados para o resgate, a 70 milhas náuticas da Líbia.

    A maioria dos passageiros do barco que afundou no sábado à noite era da África subsaariana, de países como Eritreia, Somália e Sudão.

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