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    Após tragédia, Europa triplica verba para resgate no Mediterrâneo

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    23/04/2015 19h04

    Sob pressão, líderes europeu anunciaram nesta quinta (23) a decisão de triplicar o orçamento com a operação de monitoramento e resgate de imigrantes que fazem a travessia ilegal para a Europa pelo mar Mediterrâneo.

    Segundo os países do bloco, a operação Triton, lançada ao mar em novembro pela União Europeia, terá o mesmo orçamento de € 9 milhões mensais da Mare Nostrum, ação anterior mantida pelo governo italiano e que era considerada bem mais eficaz.

    A medida é resposta aos recentes naufrágios no Mediterrâneo. Um deles no sábado passado (18), com ao menos 850 imigrantes, que morreram depois de partir em um barco da Líbia. Outros dois com mais 450 pessoas também afundaram logo depois.

    No ano passado, por questões financeiras, a Itália encerrou a Mare Nostrum, que salvou 100 mil pessoas em um ano, e pediu ajuda ao bloco europeu. Com o suporte de 21 países, a Triton, comandada pela agência Frontex, entrou no lugar com estrutura limitada e orçamento bem menor (€ 2,9 milhões/mês).

    Entidades de direitos humanos sempre foram contrárias à troca, alegando que a Triton, além de ter menor porte e abrangência, teria foco apenas no monitoramento das fronteiras marítimas, e não no resgate.

    PRIORIDADE

    Diante das tragédias, os líderes europeus prometem agora que a operação receberá mais verba e será reforçada com navios e equipamentos. Além disso, terá o resgate como uma das prioridades.

    "Nós temos que nos mexer rapidamente. Vamos triplicar as missões da Frontex, melhorá-las", disse a chanceler alemã, Angela Merkel. "Pela Alemanha, posso acrescentar: se esses recursos não forem suficientes, vamos rediscutir o assunto. Dinheiro não é a questão", ressaltou.

    No início da semana, os líderes europeus anunciaram pacote de dez medidas urgentes em resposta às recentes tragédias, mas sem nada concreto em termos financeiros.

    Uma das promessas é combater os aliciadores que comandam o tráfico de pessoas pelo mar. O discurso é que os barcos controlados por eles seriam capturados durante a travessia.

    Talvez o desafio mais difícil hoje em dia seja conter a partida desses imigrantes a partir da Líbia, um país em distúrbio político e ponto de partida de 90% dessas embarcações clandestinas.

    O diálogo europeu com as autoridades locais praticamente inexiste, e o governo italiano já descartou, por ora, qualquer discussão sobre uma eventual intervenção militar na região.

    Estima-se que ao menos 500 mil pessoas, a maioria da África subsaariana, estejam em território líbio à espera de uma chance de embarcar para a Europa.

    Só neste ano, 35 mil pessoas tentaram fazer a travessia -1.750 mil teriam morrido. Em 2014, o número de imigrantes cruzando o mar foi de 218 mil, mais de quatro vezes em relação ao ano anterior.

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