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    Líderes mundiais prestam homenagem às vítimas do genocídio armênio

    DA EFE

    24/04/2015 07h44

    Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da França, François Hollande, participaram, nesta sexta-feira (24), em Ierevan, da cerimônia que lembrou o centenário do genocídio armênio, e que começou com um minuto de silêncio pelas vítimas –segundo a Armênia, 1,5 milhão de pessoas morreram nas mãos do Império Otomano.

    Na sua chegada a Tsitsernakaberd, nos arredores da capital da Armênia, Putin e Hollande foram recebidos pelo presidente do país, Serge Sargsián, na avenida que leva ao complexo onde arde a chama eterna em homenagem às vítimas. Outros países, como Estados Unidos e Alemanha, enviaram representantes à cerimônia.

    Alexei Nikolsky/Efe
    Os presidentes François Hollande (França) (à dir.) e Vladimir Putin (Rússia) participam de cerimônia em Ierevan ao lado do patriarca da Igreja Apostólica Armônia, Karekin II
    Os presidentes François Hollande (França) e Vladimir Putin (Rússia) participam de cerimônia em Ierevan

    Putin afirmou que o genocídio armênio "é um dos eventos mais terríveis e dramáticos na história da humanidade" e ressaltou que o extermínio por motivos étnicos não pode ser justificado –em uma referência também à situação dos rebeldes separatistas na Ucrânia, russos étnicos apoiados por Moscou.

    Ele aproveitou seu discurso para tratar lateralmente do conflito na Ucrânia, condenando a "russofobia" e o nacionalismo radical. "Infelizmente, em muitas regiões do mundo, agora levanta sua cabeça o neofascismo, chegam ao poder os nacionalistas radicais, ganha força o antissemitismo e vemos manifestações de russofobia", disse Putin.

    "Na hora de agir em regiões do mundo que são de uma grande importância, primeiro é preciso pensar no que vai acontecer depois, nas consequências", completou, em clara alusão à política ocidental em países como a Ucrânia.

    O presidente russo lembrou que "centenas de milhares, milhões de armênios indefesos que tinham perdido seus lares, receberam refúgio no território da Rússia".

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    NEGAÇÃO

    O presidente da Armênia destacou que "o ocorrido em 1915 não teve precedentes nem por sua magnitude, nem por suas consequências" e acrescentou que o genocídio é "uma ferida ainda aberta porque há no mundo a negação".

    A Turquia nega que as mortes tenham sido causadas por uma política deliberada de extermínio –não sendo, portanto, um genocídio–, mas sim que foram parte de um contexto de guerra.

    Diversos países, entre eles Brasil e EUA, não reconhecem o genocídio. Detratores atribuem a posição desses países à pressão turca e a interesses econômicos, em linha com os historiadores que negam ter havido projeto oficial otomano de exterminar os armênios.

    Antes da cerimônia oficial no complexo localizado em uma colina aos arredores de Ierevan, os líderes e diplomatas convidados para o ato visitaram o museu dedicado ao genocídio ocorrido entre 1915 e 1923.

    No local, há fotografias feitas há cem anos pelo alemão Armin Vegner, testemunha de exceção do massacre quando servia como soldado e médico na Síria durante a Primeira Guerra Mundial.

    A tradição prevê que os líderes que visitam o memorial do genocídio armênio devem plantar uma árvore como lembrança das vítimas.

    As vítimas foram canonizadas na quinta (23) em uma cerimônia solene, na qual também foram proclamadas como mártires da Igreja Apostólica Armênia, a mais antiga do mundo.

    TURQUIA

    Sargsián pediu nesta semana que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, aproveite a data simbólica para normalizar as relações diplomáticas entre os países vizinhos, ou seja, reconhecendo o genocídio e abrindo a fronteira comum.

    Na última semana, o Papa Francisco declarou que as mortes de armênios durante a 1ª Guerra Mundial foi "o primeiro genocídio do século 20".

    Os armênios acusam as autoridades otomanas de planejar a aniquilação sistemática da minoria armênia, que teria começado simbolicamente em 24 de abril de 1915, com a detenção de centenas de intelectuais em Constantinopla, capital do império, atual Istambul.

    A Turquia anunciou que também homenageará os "armênios otomanos" mortos há mais de 100 anos, mas Erdogan nega categoricamente que essas mortes possam ser consideradas como genocídio, já que durante a disputa da Primeira Guerra Mundial muitos muçulmanos também perderam a vida.

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