Jean-Marie Le Pen, criador do partido de extrema direita francês Frente Nacional (FN) e pai da atual presidente da sigla, Marine Le Pen, foi suspenso do partido nesta segunda-feira (4) após decisão dos membros do diretório executivo.

Le Pen, 86, enfrentou uma audiência disciplinar em seu partido por ter repetido, em uma entrevista da rádio francesa RMC, em abril passado, sua visão de que câmaras de gás nazistas eram um mero "detalhe" da Segunda Guerra e por ter defendido Philippe Pétain, líder do governo francês durante o governo de Vichy, que colaborou com a Alemanha nazista.

Le Pen participou da criação do FN em 1972 e foi o presidente do partido até janeiro de 2011.

Deixou a presidência à própria filha, Marine, e recebeu então um novo estatuto no partido, o de "presidente de honra".

A maioria dos membros do diretório executivo decidiu, nesta segunda-feira (4), a supressão desse estatuto, que será efetivada após uma votação especial dos militantes, provavelmente em três meses.

O ex-presidente, que tinha se recusado a participar da reunião, declarou-se sentir "desacreditado", porém excluiu que irá se retirar da vida política.

A própria filha, Marine, atual presidente do partido, tinha dito no domingo (3) não querer mais que seu pai falasse em nome da FN.

Ela também acusou o pai de agir contra ela e contra o partido. "Eu tenho a sensação de que ele não pode suportar o fato de que a Frente Nacional continuará a existir sem ele no comando", disse Marine a jornalistas. "Eu lamento isso".

Antes da audiência em que foi suspenso, o ex-presidente da sigla disse: "Não falo mais em nome do partido desde que não sou mais o presidente. Eu falo em nome de Jean Marie-Le Pen".

Em entrevista à rádio francesa Europe 1, Le Pen disse se sentir traído após a decisão do colegiado. " Não me vejo tendo nenhuma relação com alguém que me trai de uma maneira tão escandalosa", disse Le Pen sobre a filha.