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    Venezuela vive regime de ditadura, diz mulher de opositor

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    07/05/2015 11h29

    Lilian Tintori, mulher do líder de oposição na Venezuela Leopoldo López, comparou o governo Nicolás Maduro a uma ditadura e pediu ajuda do governo brasileiro diante da situação no país vizinho.

    "Temos vivido essas injustiças, e esse regime, que não é democracia, tem todas as características de uma ditadura. () Não é ingerência quando se pede apoio pelos direitos humanos", afirmou na manhã desta quinta-feira (7), em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

    Eduardo Knapp - 6.mai.2015/Folhapress
    Lilian Tintori, 37, mulher do opositor venezuelano Leopoldo López
    Lilian Tintori, 37, mulher do opositor venezuelano Leopoldo López

    A oposição cobrou uma manifestação da presidente Dilma Rousseff e criticou ausência de diálogo com o Itamaraty, que teria sido procurado para uma audiência com as esposas dos opositores.

    Enquanto as visitantes falavam no Senado, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) tem em sua agenda hoje encontro com Tarek William, Defensor do Povo da Venezuela. Ex-ministro de Hugo Chávez, William se manteve no alto comando do país sob Nicolás Maduro e também será ouvido hoje, a pedido de senadores petistas, em comissão do Senado.

    "O que se passa na Venezuela repercute em outros países da América Latina. Por isso é tão importante pronunciamentos claros, precisos, sem dois pesos e duas medidas. E pedimos ao Brasil que se levante e que nos ajude a levantar as bandeiras da liberdade e dos direitos humanos", afirmou Lilian.

    O senador Lindgbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o diplomata Clemente Baena Soares, chefe de departamento da América do Sul no Itamaraty, receberia as mulheres de opositores na tarde de hoje. A pasta ainda não confirmou se haverá o encontro.

    Ex-ministro de Hugo Chávez, William se manteve no alto comando do país sob Nicolás Maduro.

    "Pedimos ao Brasil que se levante e que nos ajude a levantar as bandeiras da liberdade e dos direitos humanos", afirmou.

    Lilian destacou que atualmente há 89 presos políticos na Venezuela e alegou que seu marido se entregou por três motivos: "Ele é inocente. A segunda [razão]: ama seu país e tem um compromisso com todos os venezuelanos. E a terceira: [quer] tirar a máscara de democrata de Maduro".

    A comissão ouviu também depoimentos de Mitzy Capriles, mulher de Antonio Ledezma, prefeito de Caracas preso em fevereiro, e Rosa Orozco, mãe de jovem morta ao participar de panelaço na cidade de Valência.

    "Isso é uma violação de direitos humanos, à vida, à minha pessoa como mãe. Minha alma, minha vida, se foi com minha filha. Não vou permitir que nenhuma mãe passe por isso", disse Rosa, aplaudida ao final de seu relato.

    CRÍTICAS A DILMA

    O presidente do grupo, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse ver "com cautela" a atuação de comissão de ministros da Unasul —entre eles o chanceler Mauro Vieira— para abrir diálogo entre governo e oposição no país vizinho.

    "Uma sucessão de reuniões sem que se vejam resultados concretos pode permitir protelação indefinida da soltura de presos", afirmou. O tucano criticou o fato de as visitantes não serem recebidas por representantes do governo da presidente Dilma.

    "[Pedimos] que essas senhoras fossem recebidas pelo ministro [das Relações Exteriores]. A alegação foi de que o tema da Venezuela é tratado no âmbito dessa comissão [da Unasul]. Ponto. Não houve sequer alternativa oferecida para que o subsecretário de América Latina as recebesse. Eu não vou esquecer disso."

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também fez críticas ao governo. "O legislativo está fazendo sua parte. Quem precisa mudar sua rota e fazer sua parte também é o Executivo e eu espero que isso aconteça". O tucano José Serra (SP) ponderou que "se o governo fosse inteligente" teria recebido as esposas dos opositores. "Mas nós não temos um governo inteligente. Herança comum do Lula e do Chávez: não souberam fazer seus sucessores. Muito pelo contrário".

    O tucano Aécio Neves (MG) disse ser "vergonhosa" a "omissão" do Brasil sobre o assunto. ". "Se o governo brasileiro se omite por relações ideológicas ou sei lá de qual natureza inaceitável, cabe às demais forças políticas ocupar esse vácuo." Ele afirmou que o Congresso prepara comissão externa formada por deputados e senadores para conferir in loco a situação na Venezuela.

    As visitantes devem se encontrar ainda, na tarde de hoje, com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.

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