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    Após encontro com o papa, Raúl diz que pode voltar à igreja

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    10/05/2015 08h28

    Após reunir-se com o papa Francisco na manhã deste domingo (10), no Vaticano, o ditador cubano, Raúl Castro, 83, disse que voltará a frequentar a igreja se o pontífice mantiver o seu estilo.

    "Se continuar falando assim, começarei a rezar e voltarei à igreja. E não digo isso como piada", afirmou Raúl ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, logo após o encontro com Francisco.

    "Leio todos os seus discursos e, principalmente, os seus comentários", acrescentou, lembrando que tanto ele como seu irmão Fidel estudaram em Cuba em colégios jesuítas –a mesma ordem à qual pertence o papa.

    Raúl Castro viajou à Europa para participar dos festejos pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra, celebrado na sexta-feira (8).

    Gregorio Borgia/AFP
    O papa Francisco conversa com o ditador cubano Raul Castro durante audiência privada no Vaticano
    O papa Francisco conversa com o ditador cubano Raul Castro durante audiência privada no Vaticano

    No encontro deste domingo, Raúl agradeceu ao papa argentino pelos esforços que fez pela reaproximação entre a ilha caribenha e os EUA, iniciada em dezembro passado, e se disse tocado com o jeito simples do papa.

    "Saí muito impressionado com sua sabedoria, com sua modéstia e com todas as virtudes que sabemos que ele tem", afirmou Raúl.

    O dirigente falou também das mudanças em Cuba. "Sou comunista (...). O partido nunca permitiu a missão dos que creem. Mas hoje é permitido que existam. É um passo adiante", disse.

    Logo no início do encontro, que transcorreu em um ambiente de "cordialidade e familiaridade", segundo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, os dois trocaram alguns presentes.

    Francisco deu a Raúl a exortação "O Evangelho da Alegria" e uma medalha de são Martinho de Tours (316-397), conhecido na tradição cristã por ter compartilhado seu abrigo com um mendigo.

    Já Raúl entregou ao pontífice um quadro do artista cubano Kcho que retrata uma cruz feita com madeira de barcos de imigrantes que chegam à ilha de Lampedusa.

    VISITA À ILHA

    No encontro deste domingo, foram acertados alguns detalhes da viagem que Francisco fará a Cuba em setembro deste ano.

    O pontífice passará pela ilha antes de ir aos EUA, onde deverá discursar na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

    Com a visita, Francisco será o terceiro papa a visitar Cuba. João Paulo 2º, em 1998, e Bento 16, em 2012, já haviam viajado ao país.

    A Igreja Católica e Cuba ficaram com as relações estremecidas após a Revolução Cubana (1959), quando centenas de religiosos foram expulsos da ilha e muitos bens da igreja foram confiscados.

    Em 1996, porém, Fidel iniciou a reaproximação ao fazer uma visita a João Paulo 2º no Vaticano, aproveitando um encontro da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma.

    As visitas papais sempre geraram mudanças na ilha.

    Em 1998, após a viagem de João Paulo 2º, Fidel restituiu o feriado de Natal. Em 2012, logo após a visita de Bento 16, Raúl restituiu o feriado da Semana Santa. Em 2013, Cuba começou a devolver à igreja bens confiscados.

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