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    Coreia do Norte executou ministro da Defesa com canhão antiaéreo, diz Seul

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/05/2015 15h41

    O ministro da Defesa da Coreia do Norte, Hyon Yong-chol, foi executado com um canhão antiaéreo em um campo de tiro de uma academia militar do norte de Pyongyang em 30 de abril, segundo informaram nesta quarta-feira (13) o serviço secreto sul-coreano.

    Hyon foi morto perante centenas de oficiais sob acusação de insubordinação e por ter dormido em um desfile diante do líder Kim Jong-un. Há indicações de que a execução com um canhão antiaéreo é utilizada para as autoridades de alto escalão, para que sirva de exemplo aos demais.

    KCNA/AFP
    O ministro da Defesa norte-coreano Hyon Yong-chol, em foto sem data; ele foi executado, segundo mídia sul-coreana
    O ministro da Defesa norte-coreano Hyon Yong-chol, em foto sem data; ele foi executado, segundo mídia sul-coreana

    Se as informações do Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul forem confirmadas, será mais uma demonstração do tratamento cruel dado a Kim aos funcionários de alto escalão. Em 2013 ele condenou à morte seu tio e mentor político Jang Song-thaek.

    A execução do ministro da Defesa pode ser um sinal de uma luta de poder na liderança do regime comunista, após a decisão de Kim de cancelar uma visita prevista a Moscou na semana passada por problemas internos.

    O NIS já havia anunciado em abril que Kim havia ordenado a execução de 15 funcionários de alto escalão norte-coreanos, entre eles dois vice-ministros, por terem questionado sua autoridade.

    No total, cerca de 70 oficiais foram executados desde que Kim assumiu o poder depois da morte de seu pai, em 2011, disse a agência de notícias Yonhap citando o NIS.

    Hyon, nomeado para o cargo havia menos de um ano, teria sido surpreendido dormindo durante atos militares e também teria respondido de maneira inadequada a Kim em várias oportunidades, informou a agência de notícias Yonhap, que cita as declarações de um funcionário do partido governante.

    Na Coreia do Norte, o ministro da Defesa é responsável pela logística e pelos intercâmbios com o exterior. No entanto, as políticas são ditadas pela Comissão Nacional de Defesa e pela Comissão Militar Central do partido.

    SITUAÇÃO PREOCUPANTE

    Yang Moo-jun, um acadêmico da Universidade de Estudos sobre a Coreia do Norte, com sede em Seul, disse à AFP que a execução de Hyon é surpreendente.

    "Hyon era considerado um dos três militares mais próximos de Kim Jong-un", afirmou.

    Hyon viajou à Rússia em abril, em parte para preparar a visita de Kim, que assistiria ao desfile militar em 9 de maio, parte da celebração da vitória sobre os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

    Posteriormente, o líder norte-coreano cancelou a viagem e explicou que precisava tratar de alguns assuntos internos.

    Para Yang, o ministro, que havia sido encarregado de fechar um acordo de armamento, pode ter fracassado em sua missão.

    "Um líder inexperiente como Kim pode tomar decisões provocantes e muito dramáticas (...) Para mim a situação é bastante preocupante", acrescenta o especialista.

    Cheong Seong-chang, analista do centro de estudos Sejong de Seul, considerou, no entanto, que o anúncio deve ser encarado com muita cautela. Os serviços de inteligência foram imprudentes, declarou, acrescentando que suas informações são "frágeis e não confirmadas".

    Desde que Kim assumiu a liderança do Estado, em dezembro de 2011, realizou várias punições, sendo a mais notória a destituição e execução de seu tio Jang, acusado de vários crimes, incluindo alta traição e corrupção.

    Jang, marido da irmã do falecido Kim Jong-il, teve um papel-chave na consolidação da liderança do inexperiente Kim e virou uma espécie de "eminência parda" do regime de Pyongyang, até que caiu em desgraça.

    Segundo especialistas, o poder que Jang acumulou, somado à sua intervenção no comércio de carvão, incomodaram o sobrinho.

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