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    Argentina reduz pena de pedófilo por abuso anterior de vítima de 6 anos

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    19/05/2015 08h42

    Uma decisão polêmica da Justiça argentina reduziu a pena de um homem condenado por abusar de um menino de seis anos.

    O agressor havia sido denunciado pela avó do menino, em 2010. Ele era dirigente do clube Florida de Loma Hermosa, na Grande Buenos Aires, e levava as crianças para jogar futebol.

    O homem havia sido condenado a seis anos de prisão, mas conseguiu o relaxamento da pena no ano passado. Agora, ele acaba de ser libertado, segundo a imprensa local.

    Os juízes Horacio Piombo e Benjamín Sal Llargués, que decidiram pela redução, argumentaram que o menino havia sido abusado antes, supostamente pelo pai e, por isso, não caberia o agravante.

    "Podemos considerar que esse agravante se dispara apenas uma vez, quando a pessoa é iniciada na prática aberrante", afirmou Piombo em entrevista a uma rádio local, nesta segunda. "A decisão parte do princípio de que o tremendo, o ultrajante havia ocorrido com o pai [do menino]".

    A crítica aos juízes aumentou depois que sugeriram que o menino tinha traços de "travestismo", provocado pelo abuso do pai.

    "Nós não decidimos em absoluto em uma questão de fé de que a pessoa era gay, nada. Simplesmente que havia ocorrido um fato e que, como consequência de essa experiência, havia deixado no menor marcas de travestismo, de uma conduta que realmente tínhamos que ter em conta em um processo cujo objetivo processual é julgar uma pessoa, não ao menor, não à sociedade, não ao pai, mas a uma pessoa que cometeu atos impudicos com o menor", afirmou o juiz na mesma entrevista.

    As insinuações revoltaram as lideranças do movimento gay e de direitos humanos, que repudiaram a decisão dos juízes e afirmaram que iriam tentar reverter a liberação do agressor.

    Em entrevista na tarde desta segunda (18), a tia do menino informou que ele não conviveu com o pai, que foi preso por abuso de outro menor. Segundo a tia, o menino foi abandonado ainda bebê pelo pai e foi criado pela avó.

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