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    Cartas revelam um Osama bin Laden obcecado em atacar alvos dos EUA

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    20/05/2015 16h33 - Atualizado às 22h36

    Milhares de documentos de Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda morto por militares americanos em 2011, começaram a ser divulgados nesta quarta-feira (20).

    Parte deles pinta o retrato de um homem obcecado em atacar os Estados Unidos, mas também preocupado com sua família.

    Há dezenas de correspondências trocadas entre Bin Laden e seus parentes ele tinha quatro mulheres e 20 filhos. "Por Deus, eu sinto tanta saudade", escreveu à filha Umm Muadh.

    Na mesma carta, ele pergunta como o neto está indo na escola e nos seus estudos do Corão. "Quais são as últimas notícias divertidas?", pergunta.

    Há também cartas escritas pelos filhos descrevendo as dificuldades de se comunicar com o líder da Al Qaeda em seu esconderijo.

    Em 2008, Bin Laden gravou uma mensagem em vídeo para uma de suas mulheres, cujo nome não foi divulgado.

    "Meu testamento: se eu for morto e você quiser retornar para a sua família, tudo bem. Mas você tem de criar meus filhos apropriadamente (...), especialmente as meninas", afirma. "Se você puder casá-las com mujahideen [combatentes islâmicos], é melhor. Ou então com pessoas boas."

    OBSESSÃO

    Bin Laden deixava a amorosidade de lado quando o assunto era planejar ataques, especialmente contra americanos. "A missão dos guerreiros globais de hoje é matar dezenas, centenas ou milhares de cidadãos infiéis dos Estados Unidos e de seus aliados em seu território ou onde quer que estejam", diz um dos documentos divulgados pela inteligência americana.

    Em carta a um de seus associados, Mahmud Atiyah, Bin Laden celebra a onda de protestos que ficou conhecida como Primavera Árabe. "São eventos gigantescos que um dia ocuparão a maior parte do mundo islâmico e libertarão as terras islâmicas da hegemonia americana", diz.

    Entre as descobertas, está ainda o que parece um formulário para interessados em se juntar à Al Qaeda. As questões incluem desde assuntos como hobbies e idiomas até perguntas como "Você quer executar uma operação suicida?" ou "Quem devemos contatar caso você se torne um mártir?"

    A compilação, intitulada pela inteligência americana como "A Estante de Bin Laden", revela também que ele mantinha uma extensa biblioteca de livros em inglês, em busca de conhecer as vulnerabilidades americanas.

    Entre os títulos, estavam "Imperial Hubris", do ex-agente da CIA (a agência de inteligência americana) Michael Scheuer, sobre os esforços americanos para combater o terrorismo, e "Obama's Wars" (As Guerras de Obama), de Bob Woodward.

    Em 2014, o Congresso orientou o escritório do diretor de Inteligência Nacional a revisar os documentos e a tornar público tudo o que fosse possível. A análise deve continuar até o próximo ano, mas a Casa Branca orientou a inteligência a divulgar o material devido "ao aumento da demanda pública" por eles.

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