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    Cameron quer cortar benefício social para conter fluxo de imigrantes

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    22/05/2015 02h55

    O primeiro-ministro britânico, David Cameron, mandou à União Europeia o recado de que pretende reduzir os benefícios sociais para conter o fluxo de imigrantes do bloco para o Reino Unido.

    O discurso foi feito durante o anúncio das regras que criminalizarão o trabalho ilegal de estrangeiros no país.

    "Para sermos bem-sucedidos no controle imigratório, precisamos reduzir os incentivos para os que querem vir para cá de dentro da União Europeia", afirmou o premiê.

    Segundo ele, as mudanças nos programas de benefícios a imigrantes da UE são "exigência absoluta" numa eventual renegociação das regras de livre trânsito na Europa.

    Cameron reafirmou que os britânicos votarão até 2017 sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia.

    O dirigente britânico ficará frente a frente com os líderes europeus nesta sexta (22) numa reunião em Riga (Letônia). Entre os chefes políticos estará a chanceler alemã, Angela Merkel, contrária a qualquer mudança radical nas regras de imigração no bloco.

    O discurso de Cameron, reeleito premiê do Reino Unido há duas semanas, foi uma reação ao balanço imigratório divulgado nesta quinta.

    Segundo dados do ONS (o serviço de estatística do país), 641 mil pessoas imigraram para o Reino Unido em 2014, ante 525 mil em 2013. Ao mesmo tempo, 323 mil fizeram o caminho contrário.

    Esse saldo de 318 mil entre chegadas e saídas é o mais alto em uma década e está mais de três vezes acima da meta de Cameron, que promete atingir o patamar de 100 mil.

    Desses 641 mil que imigraram, pelo menos 284 mil foram com o intuito de trabalhar, 70 mil a mais do que em 2013. Do total, 268 mil são cidadãos da União Europeia, alta de 67 mil em relação ao ano anterior. Ao todo, 290 mil são cidadãos não europeus, um crescimento de 42 mil.

    Editoria de Arte/Folhapress
    IMIGRAÇÃO NO REINO UNIDOFluxo intenso acelerou legislação mais rígida
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    "Estamos abertos para talentos, mas a imigração tem de ser controlada. Está fácil trabalhar ilegalmente aqui. As pessoas vêm para estudar e ficam, vêm passar férias e decidem trabalhar ilegalmente", afirmou o premiê.

    Durante o dia, Cameron e a ministra do Interior, Theresa May, acompanharam rapidamente uma operação policial em busca de trabalhadores ilegais em Southall, região oeste da capital, Londres.

    MEDIDAS

    Segundo as medidas anunciadas na quinta (21), a ideia é transformar em crime o trabalho ilegal no Reino Unido.

    A polícia poderá tomar salários e deportar imediatamente quem for pego nessa condição. Além disso, as autoridades pretendem aumentar o rigor sobre quem contratar esses estrangeiros e criar sistema por satélite para vigiá-los até irem embora de vez.

    A ideia é implantar a regra "deportar primeiro, recorrer depois" -ou seja, no território de origem do migrante.

    A proposta começará a ser votada no Parlamento a partir de semana que vem. Como o Partido Conservador de Cameron obteve maioria na última eleição, não deve ter dificuldades para aprová-la.

    A rede BBC calcula que o número de imigrantes seja de pelo menos 8 milhões, cerca de 12,5% da população oficial do país. Estima-se que haja 600 mil ilegais, mas não há dado oficial sobre os que trabalham clandestinamente.

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