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    Farc anunciam fim de cessar-fogo unilateral após ataque na Colômbia

    ROSER TOLL
    DA AFP

    22/05/2015 16h25

    A morte de 26 guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em um bombardeio militar na Colômbia abalou o processo de paz realizado em Havana, de onde a guerrilha anunciou o fim do cessar-fogo unilateral em meio às negociações.

    A operação militar contra um acampamento das Farc ocorreu na quinta-feira (22) no município de Guapí, no departamento de Cauca, a 480 km a sudoeste de Bogotá.

    "Os resultados preliminares desta operação são 26 baixas e um menor de idade recuperado", além de 37 fuzis e uma metralhadora apreendidos, disse o presidente Juan Manuel Santos em um pronunciamento. Para o presidente, esta foi uma "ação legítima do Estado, em defesa e proteção dos cidadãos".

    Efraín Herrera/Efe
    O presidente colombiano Juan Manuel Santos (centro) defende bombardeio contra as Farc
    O presidente colombiano Juan Manuel Santos (centro) defende bombardeio contra as Farc

    A guerrilha reagiu em Havana, onde na quinta-feira teve início a 37ª rodada de negociações de paz, com o anúncio da suspensão da trégua decretada unilateralmente em dezembro.

    "Não estava em nossa perspectiva a suspensão da determinação do cessar-fogo unilateral e indefinido proclamado (...), mas a incoerência do governo Santos conseguiu isso, depois de cinco meses de ofensivas terrestres e aéreas contra nossas estruturas em todo o país", indicou a guerrilha em seu blog.

    Na mesma região, há pouco mais de um mês, uma emboscada deixou 11 militares mortos. O ataque que abalou a sociedade colombiana, cada vez mais desconfiada do êxito do processo de paz.

    As Farc classificaram esta emboscada de "defensiva" e Santos autorizou na época o reinício dos bombardeios contra a guerrilha, que haviam sido suspensos em março em sinal de boa vontade no âmbito do processo de paz.

    PROCESSO DE PAZ

    A tentativa de diminuir as tensões pelo conflito sem alcançar um cessar-fogo definitivo durante os diálogos de paz não deu os frutos esperados, segundo Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recursos para Análises de Conflitos (Cerac).

    Os fatos demonstram que "a violência afeta o processo e não permite que as partes avancem", encalhadas na negociação e atualmente em uma "crise muito séria", disse Restrepo à AFP.

    Editoria de arte/Folhapress

    Segundo o analista, é o momento de "entrar em acordo muito rapidamente sobre um cessar-fogo definitivo" e, para isso, seria útil "a pressão internacional".

    Santos se negou até o momento a declarar uma trégua para evitar um fortalecimento da guerrilha durante os diálogos de paz.

    "Desde o dia em que as negociações de Havana começaram fui muito claro que as operações de nossas Forças Armadas contra a subversão não se deteriam e não se deterão", insistiu o presidente.

    Santos, promotor das negociações que ocorrem desde novembro de 2012 em Cuba para terminar com mais de 50 anos de conflito armado, fez um apelo buscando acelerar as negociações.

    Até agora as partes alcançaram acordos parciais em reforma agrária, participação política e drogas ilícitas, mas ainda precisam entrar em consenso sobre o tema das vítimas, o desarmamento e o fim do conflito, assim como o mecanismo para endossar um eventual pacto final.

    O conflito armado colombiano, que envolve as forças do governo, guerrilheiros e paramilitares, deixou ao menos 220.000 mortos e mais de seis milhões de deslocados, segundo números oficiais.

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