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    Malásia encontra 139 valas comuns e 28 campos de detenção de migrantes

    SATISH CHENEY
    DA AFP

    25/05/2015 08h52

    A polícia da Malásia encontrou 139 valas comuns e 28 campos de detenção de migrantes supostamente administrados por traficantes em uma região remota do norte do país, na fronteira com a Tailândia, agravando a crise migratória na região.

    O chefe de polícia do país, Khalid Abu Bakar, afirmou que as autoridades estão exumando os corpos, mas que não se sabe com exatidão o número de pessoas enterradas nas valas, as quais estão situadas em uma área montanhosa da selva, de acesso muito difícil.

    Mohd Rasfan/AFP
    O chefe da polícia da Malásia, Khalid Abu Bakar, anuncia descoberta de valas comuns
    O chefe da polícia da Malásia, Khalid Abu Bakar, anuncia descoberta de valas comuns

    "As autoridades encontraram 139 supostas valas. Não é possível precisar quantos cadáveres há em cada vala", disse Abu Bakar.

    Ele explicou que os 28 campos de detenção descobertos tinham capacidade para abrigar centenas de pessoas. O maior campo pode ter recebido até 300 pessoas; outro tinha capacidade para quase cem e os demais podem ter abrigado 20 migrantes cada, segundo o chefe de polícia.

    Os primeiros elementos da investigação parecem apontar algumas semelhanças com os campos encontrados no início de maio na Tailândia, onde a polícia localizou valas nas quais acredita que foram sepultados corpos de migrantes rohingya e bengaleses.

    A descoberta revelou um grande sistema de tráfico de pessoas entre os países da região.

    O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, expressou sua profunda preocupação com a descoberta das valas comuns.

    "Encontraremos os responsáveis", prometeu.

    Mohd Rasfan/AFP
    Policiais malaios inspecionam carros após o governo anunciar a descoberta de valas comuns
    Policiais malaios inspecionam carros após o governo anunciar a descoberta de valas comuns

    ACUSAÇÕES DE CUMPLICIDADE

    Abu Bakar não respondeu ao ser questionado como a rede de campos poderia existir sem o conhecimento das autoridades malaias. Também não respondeu se suspeitava da cumplicidade de funcionários corruptos.

    Várias organizações de defesa dos direitos humanos acusaram as autoridades do país de não adotar as medidas necessárias para deter o tráfico de seres humanos.

    "Tenho certeza de que as autoridades da fronteira sabem o que acontece e quem são os criminosos. Devem responder sobre o que acontece e no mais alto nível", disse Aegile Fernandez, da associação de defesa dos direitos dos migrantes Tenaganita.

    "A questão é saber se têm a vontade de deter os grupos criminosos", afirmou.

    Segundo a polícia, o governo realiza necropsias. Um corpo estava com alto nível de decomposição.

    Após a descoberta das primeiras valas no início do mês, a Tailândia iniciou uma operação de repressão dos traficantes, que ao que parece abandonaram as embarcações no mar e deixaram milhares de migrantes à deriva.

    Malásia, Indonésia e Tailândia se recusaram a receber os migrantes em um primeiro momento, mas os dois primeiros países acabaram por ceder à pressão internacional e passaram a oferecer abrigo temporário.

    A ONU calcula que 2.000 pessoas permanecem à deriva no mar, em um momento crítico, a poucas semanas do início da temporada de chuvas de monção.

    Nas últimas duas semanas, mais de 3.500 pessoas chegaram às costas da Indonésia, Tailândia e Malásia.

    Os migrantes são bengaleses que fogem da miséria em seu país e integrantes da comunidade muçulmana rohingya, marginalizada em Mianmar e sem direito à cidadania no país.

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