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    Ativista russa expõe, com fotos 'fofas', pessoas que a ameaçaram nas redes

    RAFAEL GREGORIO
    DE SÃO PAULO

    28/05/2015 03h00

    Alvo de recorrentes ameaças de agressão e morte, a artista e ativista LGBT russa Elena Klimova revidou publicando retratos dos remetentes acompanhados do teor de suas correspondências.

    Neles, os ofensores aparecem apertando bichinhos de estimação, abraçando familiares ou posando para "selfies". Momentos fofos e românticos, não raro em cenários deslumbrantes, opõem-se à violência das palavras.

    Como as de Maxim, um jovem que, no retrato, abraça uma mulher e uma criança no deck de um barco sob o pôr do sol: "Serei o primeiro a acender a estaca na qual você vai queimar. Você tem até olhos de drogada, seu pedaço vomitado de merda."

    Lena, como é conhecida, fundou o Children-404, um grupo on-line de apoio a jovens gays. O nome cita o código de erro de páginas não encontradas na internet -uma crítica à invisibilidade causada, segundo militantes e organizações de defesa dos direitos humanos, pela legislação russa que pune "propaganda gay" com prisão.

    Por isso, um dos lemas da entidade é "Adolescentes LGBT: nós existimos".
    Intitulado "Pessoas Bonitas e o que Elas me Dizem", o álbum de fotos foi publicado em abril na rede social russa Vkontakte.

    Seus protagonistas são gente como Sasha, que aparece abraçando uma cabra filhote em um ambiente rural e que enviou a Lena a seguinte mensagem: "Te matar a tiros, sua putinha, é só o começo do que você merece."

    O álbum foi publicado também no Facebook. A rede social norte-americana, porém, excluiu as imagens sob a alegação de que feriam a regra de conduta que proíbe "compartilhamento de informações pessoais para chantagear ou assediar pessoas".

    HOMOFOBIA DE ESTADO

    Klimova chamara a atenção antes em manifestações para expor a situação dos direitos humanos na Rússia antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014.

    Detida e processada sob a acusação de promover propaganda gay para menores, foi absolvida, mas outra ação tirou do ar a página do Children-404.

    A Rússia descriminalizou a homossexualidade apenas em 1993, após o fim da União Soviética. Seguiu-se uma onda liberalizante que foi gradualmente interrompida após a ascensão de Vladimir Putin, em 1999.

    No poder, Putin, ex-agente do serviço secreto soviético e hoje aliado à Igreja Ortodoxa Russa, alimenta o que analistas ocidentais chamam de "homofobia de Estado", como proibição de eventos e detenção de ativistas.

    Em 2013, foi aprovada uma lei que veta a "propaganda de relações sexuais não tradicionais a menores de idade".

    A legislação prevê prisão e multas de até US$ 150 (R$ 470) para indivíduos e de até US$ 30 mil (R$ 93,7 mil) para organizações, além de medidas mais severas em caso de transmissões pela internet. Estrangeiros que violem a lei podem ser detidos por 15 dias.

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