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    EUA fracassaram ao tentar sabotar o programa nuclear da Coreia do Norte

    DA REUTERS

    29/05/2015 18h50

    Os Estados Unidos tentaram, sem sucesso, há cinco anos, lançar uma versão do vírus de computador Stuxnet para atacar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte, segundo informações fornecidas por pessoas ligadas à campanha secreta.

    A operação começou no mesmo momento em que foi lançado o ataque com o Stuxnet que sabotou o programa nuclear do Irã, em 2009 e 2010.

    À época, o ataque, realizado em conjunto pelos EUA e por Israel, destruiu mais de mil centrífugas que enriqueciam urânio no Irã.

    De acordo com uma fonte da inteligência dos EUA, os criadores do Stuxnet criaram um vírus que seria ativado quando encontrasse configurações em idioma coreano em uma máquina infectada.

    Mas os agentes dos EUA não conseguiram ter acesso às máquinas centrais onde funcionavam os programas de armas nucleares de Pyongyang, informou um ex-alto funcionário de inteligência americana que foi informado sobre a operação.

    Segundo esse funcionário, a campanha, liderada pela Agência de Segurança Nacional (NSA), foi frustrada devido à alta segurança do sistema norte-coreano e ao isolamento extremo dos seus sistemas de comunicação.

    A Coreia do Norte tem uma das redes de comunicação mais isoladas do mundo. Apenas para possuir um computador é necessário pedir autorização à polícia, e a internet só é acessada por uma pequena elite.

    O país tem apenas um cabo de conexão com a internet para o mundo exterior, que passa pela China.

    Os iranianos, em contraste, navegam amplamente pela rede e têm interações com empresas do mundo todo.

    Um porta-voz da NSA se recusou a comentar as informações. A agência já havia se recusado a comentar o ataque com o Stuxnet contra o Irã.

    Os Estados Unidos lançaram várias campanhas de espionagem cibernética pelo mundo, mas os casos da Coreia do Norte e do Irã são os únicos conhecidos em que a NSA alvejou equipamentos com software projetado para destruí-los.

    Washington há muito tempo manifestou preocupações com o programa nuclear de Pyongyang, que os EUA dizem violar acordos internacionais.

    A Coreia do Norte já recebeu sanções por causa de seus testes nucleares e de mísseis, o que o país vê como ataques ao seu direito soberano de se defender.

    Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que Washington e Pequim estavam discutindo a imposição de novas sanções à Coreia do Norte. Segundo Kerry, o país está longe de tomar medidas para acabar com seu programa nuclear.

    Especialistas em programas nucleares disseram que há semelhanças entre as operações da Coreia do Norte e do Irã e que os dois países continuam a colaborar em tecnologia militar.

    Ambos usam um sistema com centrífugas P-2, obtido pelo cientista nuclear paquistanês AQ Khan, considerado "o pai da bomba nuclear de Islamabad".

    Assim como o Irã, a Coreia do Norte provavelmente gerencia suas centrífugas com um software desenvolvido pela alemã Siemens que roda no sistema Windows.

    O Stuxnet se aproveita de vulnerabilidades de ambos os programas para atacar.

    Por causa da sobreposição entre os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte, a NSA não teria tido necessidade de adaptar muito o vírus Stuxnet se tivesse sido capaz de introduzi-lo no sistema norte-coreano.

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