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    Porta-voz de Saddam Hussein no exterior, Tariq Aziz morre no Iraque

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    05/06/2015 13h19

    O ex-ministro das Relações Exteriores iraquiano Tariq Aziz, porta-voz de ditador Saddam Hussein no exterior, morreu nesta sexta-feira (5) aos 79 anos em um hospital no sul do Iraque.

    "Tariq Aziz morreu no hospital (...) da cidade de Nasiriyah para onde foi levado quando sua saúde se deteriorou", disse Adel Abdelhussein al-Dakhili, vice-governador da província de Zi Qar, onde o ex-chanceler estava preso.

    O funcionário não especificou a causa da morte de Aziz, que sofria de problemas cardíacos e respiratórios, pressão alta e diabetes.

    Damir Sagolj/Reuters
    Tariq Aziz dá entrevista com a foto de Saddam Hussein ao fundo
    Tariq Aziz dá entrevista com a foto de Saddam Hussein ao fundo

    Condenado a pena de morte por crimes contra a humanidade, Aziz aguardava na prisão sua execução.

    Ele conheceu Saddam Hussein ainda na juventude, nos anos 1950, quando os dois faziam parte do partido Baath. Foi nomeado ministro das Relações Exteriores em 1983 e permaneceu no cargo até a queda do ditador, vinte anos depois. Também ocupou o cargo de vice primeiro-ministro.

    Fã de charutos cubanos, era o rosto do regime para o mundo ocidental, com seus característicos óculos pretos.

    Foi o responsável por negociar com a ONU quando o país foi acusado de ter armas de destruição em massa e articulou a aproximação com os Estados Unidos durante os anos 1980 –a relação acabaria anos depois, quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait em 1991.

    Ficou do lado do ditador até o final. Quando a invasão americana chegou a capital Bagdá e o regime começou a cair, Aziz declarou: "nós vamos receber eles com a melhor música que já ouviram e com as melhores flores que crescem no Iraque. Nós não temos doce, só podemos oferecer balas".

    Poucas semanas depois se entregou pacificamente às forças americanas. Ele era o 43º autoridade mais procurada do Iraque, segundo lista do exército americano da época.

    Aziz era o único cristão no círculo íntimo de Saddam (o Iraque tem maioria muçulmana). Por isso, o Vaticano chegou a pedir que ele fosse poupado, o que adiou sua execução. Ela ainda não tinha data para ser realizada.

    "Eu estou doente e cansado, mas desejo o bem ao Iraque e aos iraquianos", declarou em uma entrevista a Associated Press em 2010, feita de dentro da prisão.

    Aziz deixa a mulher e dois filhos, Ziad and Saddam (nomeado em homenagem ao ditador), que vivem na Jordânia. A família há anos pedia que ele fosse autorizado a receber tratamento médico fora do Iraque.

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