O ex-premiê da Espanha Felipe González encerrou nesta terça-feira (9) abruptamente sua viagem à Venezuela, dois dias depois de chegar a Caracas, onde havia planejado passar a semana cumprindo agenda de apoio aos opositores presos.
Assessores locais disseram que González decidiu ir embora porque as autoridades o impediram de concretizar as principais missões de sua visita.
Federico Parra/AFP | ||
O ex-premiê espanhol Felipe González, deixa a casa do opositor preso Antonio Ledezma, no domingo |
Advogado de carreira, o ex-premiê foi proibido de integrar a equipe de defesa do líder do partido Vontade Popular Leopoldo López, preso há um ano sob a acusação de instigar violentos protestos. A Justiça alegou que ele não está habilitado a exercer advocacia na Venezuela.
González também não obteve permissão para assistir à audiência de López no tribunal, prevista para esta quarta. Por fim, a Justiça vetou que o ex-premiê visitasse na prisão López e outro político preso, o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que González "percebeu que sua visita foi um erro" e um "fracasso" e, por isso, "saiu fugindo."
Maduro também questionou o fato de o ex-premiê ter saído da Venezuela a bordo de um avião oficial colombiano. O presidente insinuou que isso é um sinal do suposto pacto que une a direita venezuelana a forças inimigas no exterior.
Nos dois dias em que esteve em Caracas, González se reuniu com dirigentes da oposição e entregou um prêmio ao jornalista Teodoro Petkoff, impedido de sair do país. Também conseguiu se encontrar com o prefeito metropolitano de Caracas Antonio Ledezma, que cumpre prisão domiciliar após fazer uma cirurgia para a retirada de uma hérnia inguinal em abril.
Embora tendo liderado um governo socialista (1982-1996), González é um crítico ferrenho do socialismo chavista. O espanhol integra um movimento de dezenas de ex-chefes de Estado e de governo que pressionam Caracas a libertar opositores presos.