• Mundo

    Sunday, 28-Apr-2024 13:08:36 -03

    Comissão liderada por Aécio viaja à Venezuela por opositores presos

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    15/06/2015 20h43

    Em um gesto político, uma comissão de senadores brasileiros irá à Venezuela nesta quinta-feira (18) para reforçar a campanha pela libertação de opositores ao governo de Nicolás Maduro presos no país.

    Liderados pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), os congressistas planejam se reunir com oposicionistas e seus familiares.

    Aécio viaja acompanhado do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e de outros congressistas, alguns da base de apoio da presidente Dilma Rousseff.

    Segundo Ferreira, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Sérgio Petecão (PSD-AC) manifestaram a intenção de participar da comitiva. Ambos são de partidos aliados do governo federal.

    Além de defender a libertação de opositores de Maduro, os senadores brasileiros vão pedir que a Venezuela marque a data para realizar eleições diretas para a escolha do seu novo presidente.

    SOLIDARIEDADE OU INTROMISSÃO?

    Aécio disse que a viagem é "política e humanística", com o objetivo de demonstrar solidariedade do Congresso brasileiro aos presos políticos, alguns em greve de fome. Ele afirmou que não considera a visita uma "intromissão" do Legislativo do Brasil no país vizinho.

    "É hora de fortalecermos a democracia, e a democracia pressupõe respeito ao contraditório. Nós estaremos, na verdade, suprindo a gravíssima omissão do governo brasileiro em relação a essa questão", disse o tucano.

    "Não há mais espaço para presos políticos, nem na nossa região nem em qualquer outra parte do mundo", afirmou o senador.

    Na sexta (12), Dilma se reuniu com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello.

    Cabello fazia parte de uma comitiva venezuelana que ficou no país por cinco dias e visitou empresas que pertencem ao grupo J&F, dona do frigorífico JBS, e a Brainfarma, da farmacêutica Hypermarcas, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Em abril, a presidente manifestou-se a favor da libertação dos opositores ao chavismo. "Nós e o Brasil temos uma posição clara em relação ao direito de manifestação, à livre expressão. Nós não acreditamos que a oposição deva ser presa, a não ser que tenha cometido um delito", afirmou.

    Na ocasião, o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, negou que o governo tivesse mudado de postura em relação à repressão aos opositores venezuelanos e disse que o Brasil estava empenhado em mediar a crise na Venezuela por meio da Unasul.

    O grupo de senadores brasileiros deve viajar em uma avião cedido pelo Ministério da Defesa brasileiro, que precisará de autorização do governo da Venezuela para pousar no país –por se tratar de uma aeronave oficial.

    Se o pedido for recusado, Aécio disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve viabilizar a viagem com recursos da Casa.

    Segundo a Folha apurou, os congressistas serão recebidos na Venezuela pela deputada cassada Maria Corina Machado, do partido Vente Venezuela. Estão previstos encontros com estudantes presos pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) e cogita-se a possibilidade de uma visita a Leopoldo López, opositor preso no presídio militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas. O grupo deve voltar ao Brasil na própria quinta (18).

    PRESOS POLÍTICOS

    Há pelo menos três opositores presos na Venezuela: o líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos, do mesmo partido, e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma.

    Ceballos está preso desde março de 2014, quando foi acusado pelo governo de incitação à violência nos protestos contra o presidente Nicolás Maduro, que tiveram início em San Cristóbal, cidade da qual era prefeito.

    Enquanto Ledezma está em prisão domiciliar, López e Ceballos seguem detidos há mais de um ano sob a acusação de instigar protestos que resultaram em 43 mortos no início de 2014.

    López está em greve de fome há mais de 18 dias. Ceballos encerrou o mesmo protesto depois de 20 dias sem se alimentar.

    López e Ceballos são apoiados por ONGs, governos e mais de cem ex-chefes de Estado e de governo, que pediram ao papa Francisco que intercedesse junto a Maduro em favor dos presos.

    Colaborou SAMY ADGHIRNI, de Caracas

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024