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    Wagner diz que não manda em Caracas para liberar avião com senadores

    GABRIELA GUERREIRO
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    16/06/2015 14h19

    O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta terça-feira (16) que não "manda no governo da Venezuela", nem tem poderes para convencer o país vizinho a aceitar o pouso de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).

    A aeronave levaria senadores da oposição, que nesta quinta (18) partem para Caracas para visitar presos políticos do país. Apesar de o pedido ter sido enviado na semana passada, a Venezuela ainda não respondeu à solicitação.

    Pedro Ladeira - 16.abr.2015/Folhapress
    O ministro Jaques Wagner, em evento em abril; ele disse estar esperando o aval para a entrada do avião
    O ministro Jaques Wagner, em evento em abril; ele disse estar esperando o aval para a entrada do avião

    Em entrevista, Wagner disse que o país vizinho não negou oficialmente o pouso da aeronave e reiterou que ainda não há resposta formal do governo de Nicolás Maduro sobre o caso.

    "Houve um pedido feito [para o pouso], e o pedido foi encaminhado. Está lá no governo da Venezuela um pedido que é absolutamente corriqueiro. Qualquer avião da FAB, para sair daqui e ir a qualquer lugar, ele pede ordem de passagem pelo espaço aéreo e para o pouso. Não é verdade que tenha sido negado", afirmou.

    O ministro disse que a permissão não depende do Ministério da Defesa brasileiro, uma vez que o governo da Venezuela é "soberano" para decidir quem entra em seu espaço aéreo.

    "Aquilo lá é outro país. O embaixador do Brasil em Caracas sabe, já falou, evidentemente que a Venezuela é soberana para isso. O adido militar já foi falar com a outra parte. Agora, eles [Venezuela] é que têm emitir a autorização."

    Wagner se reuniu nesta terça (16) com o presidente do Senado, Renan Calheiros, que havia solicitado ao Ministério da Defesa um avião para levar a comitiva, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    Os congressistas da oposição brasileira fazem duras críticas ao governo Maduro, ao contrário do Palácio do Planalto, que mantém com o país vizinho uma relação cordial.

    Nos bastidores, alguns senadores acusaram Wagner de trabalhar contra a ida do grupo à Venezuela, mas o ministro nega. "Isso não é verdade", desconversou.

    OPOSIÇÃO

    Pouco depois do encontro entre Wagner e Renan, Aécio Neves afirmou que os deputados pretendem fretar um avião particular e dividir a conta entre os partidos para que a viagem a Caracas aconteça na data prevista.

    "Estamos determinados a ir à Venezuela na próxima quinta-feira, cumprindo uma missão de caráter humanitário para reforçar uma pressão que é hoje do mundo", afirmou Aécio.

    "Vamos fazer coro a várias nações democráticas e lideranças de vários países do mundo já que o governo brasileiro tem sido absolutamente omisso nessa questão e essa omissão tem, de certa forma, estimulado a escalada autoritária neste país irmão."

    Já o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que seria melhor viajar em avião fretado que em um militar por questões de segurança.

    "Vai que esse avião dá uma pane. A gente já perdeu muita gente, né. O seguro morreu de velho", afirmou quando questionado sobre qual seria o problema do avião militar.

    A comitiva de senadores era integrada por Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Romero Jucá (PMDB-RR), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Fernando Bezerra (PSB-PE).

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