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    Maioria nos anos 60, população negra de Charleston era de 25% em 2010

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    19/06/2015 02h00

    Por trás da imagem de Charleston como atração turística dos Estados Unidos, ainda está uma cidade racialmente segregada, em que a população negra tem empregos e educação piores, menos oportunidades e vive em bairros cada vez mais afastados do centro.

    Essa é a história contada por analistas e ativistas em defesa dos direitos da população negra no Estado da Carolina do Sul.

    "Oficialmente, não temos mais segregação há décadas. Mas as vicissitudes dela ainda existem", diz à Folha a presidente do escritório local da NAACP (sigla em inglês para Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), Dot Scott.

    A população negra era maioria em Charleston até a década de 1960, quando representava 51% do total.

    Desde então, o percentual teve queda significativa, chegando somente 25,4% em 2010 –contra 70,2% de cidadãos brancos.

    "Os afro-americanos estão sendo marginalizados, eles estão desaparecendo", afirma Patricia Lessane, diretora do Instituto de História e Cultura Negra da Faculdade de Charleston.

    "Eles não pagam pelos impostos em suas casas, residências que geralmente herdaram de suas famílias. A maioria mora em bairros pobres e está em empregos sem qualificação."

    EDUCAÇÃO

    As escolas públicas de Charleston ilustram bem o quadro de segregação existente na região.

    Embora a população de estudantes negros e brancos seja praticamente a mesma, são raras aquelas em que há miscigenação racial.

    E a segregação resulta, de acordo com Lessane, em uma pior educação para as crianças negras. Entre as escolas com pior desempenho, o percentual de negros fica acima de 90%.

    As melhores, por outro lado, têm ampla maioria de estudantes brancos.

    Para ela, o tiroteio na igreja Emanuel, na noite de quarta-feira (17), não é um incidente isolado, mas sim fruto dessa narrativa.

    "Há essa ideia de que os negros não pertencem à comunidade, essa narrativa de que estamos usurpando as posições dos brancos", afirma Lessane.

    "Eu não compro a ideia de que o atirador é um maluco. Para mim, o que aconteceu é a definição perfeita de crime de ódio", afirma Scott.

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