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    Chacina em igreja dos EUA desafia tabu sobre arma, diz reverendo

    RAUL JUSTE LORES
    ENVIADO ESPECIAL A CHARLESTON (CAROLINA DO SUL)

    19/06/2015 12h22

    A chacina em uma igreja da comunidade negra em Charleston pode ter força para "derrotar dois tabus" em um dos Estados mais conservadores do país.

    Para o deputado que preside a "bancada negra" na Assembleia Legislativa da Carolina do Sul, o reverendo Carl L. Anderson, 53, leis que aprovem controle da venda de armas e maiores penas a "crimes de ódio" podem ser aprovadas na Assembleia Legislativa.

    Raul Juste Lores/Folhapress
    Carl L. Anderson, 53, deputado que preside "bancada negra" na Assembleia Legislativa da Carolina do Sul
    Carl L. Anderson, 53, deputado que preside 'bancada negra' na Assembleia Legislativa da Carolina do Sul

    Anderson lidera a bancada de 39 deputados e senadores (do total de 170 parlamentares da casa), e era amigo do reverendo Clementa Pinckney, 43, assassinado na chacina da igreja Emanuel, em Charleston, na quarta (17).

    "A comunidade negra deste Estado está muito mais articulada, educada e, preciso dizer, cansada do racismo", disse ele à Folha, que veio de Georgetown, a 100 km de Charleston, aonde mora, para participar de uma vigília nesta sexta à noite.

    "Somos um Estado muito conservador, que ainda exalta a Confederação [os Estados do Sul do país que tentaram se separar dos EUA para manter a escravidão]", diz Anderson, "mas tivemos vitórias recentes".

    CÂMERAS NO UNIFORME

    Ele relembra que há três semanas a Assembleia local, controlada pelo Partido Republicano, aprovou uma lei exigindo que os policiais estaduais usem câmeras acopladas ao uniforme. A lei votada de forma expressa foi apresentada depois que um jovem com celular gravou um policial matando um homem negro desarmado com oito tiros após uma perseguição.

    O crime aconteceu na vizinha North Charleston, terceira cidade do Estado. O vídeo viralizou e se tornou uma prova sobre abusos policiais contra a minoria negra.

    "Se conseguimos apoio suprapartidiário para essa lei, temos que tentar mais alto agora", conta. Para ele, o controle de armas "ainda é tabu" no país.

    "Mas acho que as pessoas estão muito sensíveis a um crime que matou pessoas que estudavam a Bíblia, que estavam absorvendo os ensinamentos de Deus."

    Tais leis derrotando os tabus devem esperar. A Assembleia Legislativa local se reúne apenas no primeiro semestre. As sessões vão de janeiro ao início de junho. Deputados e senadores ganham salários simbólicos, de US$ 10.400 por ano. Mas são bastante criticados por pedir reembolsos, de diárias, refeições e hospedagens enquanto estão hospedados na capital, Columbia.

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