Um manifesto atribuído a Dylann Roof, 21, autor da chacina em uma igreja de Charleston, explica seu ódio aos negros e a motivação para o crime, além de dizer que o Brasil faz parte de um grupo de países ªhispânicosº que "são nossos inimigos".

"Escolhi Charleston porque é a cidade mais histórica do meu Estado e já teve a maior proporção de negros no país", diz o texto. "Não temos skinheads, KKK [Ku Klux Klan, antiga milícia de supremacia branca], ninguém fazendo nada, a não ser falar na internet. Alguém tinha que ter a bravura de fazer algo no mundo real e acho que esse alguém tem que ser eu."

O manifesto também diz que negros têm "QI inferior" e chama hispânicos de "inimigos". Ele diz que há bons hispânicos e maus hispânicos. "Os programas e as propagandas nas TVs hispânicas têm até mais brancos que os nossos. Eles respeitam a beleza branca. A elite deles é branca. Tem bom sangue branco que vale a pena ser poupado no Uruguai, Argentina, Chile e até mesmo no Brasil". Mas o texto completa: "Ainda assim, eles são nossos inimigos".

O FBI, a polícia federal americana, está investigando o manifesto e o site, registrado no nome de Roof em 9 de fevereiro em um provedor da Rússia, tática comum usada por quem pretende ocultar os dados sobre o proprietário da página. A identidade foi alterada um dia depois.

A página foi descoberta por dois usuários no Twitter, que usaram ferramentas para descobrir o domínio de sites.

O site se chama thelastrhodesian [o último rodésio], numa referência à república africana da Rodésia (antigo Zimbábue), onde havia um regime segregacionista, assim como na África do Sul sob o apartheid.

Não se sabe se os textos foram mesmo escritos por Roof, mas várias ideias coincidem com o que ele falava a amigos próximos.

IMAGENS
O site exibe 34 fotos de Roof, nas quais ele queima a bandeira americana e segura a dos Estados Confederados, símbolo separatista da região escravocrata americana e ícone dos movimentos racistas do sul americano, como o Ku Klux Klan.

Em outras imagens, Roof aparece com figuras de escravos de cera e posando com uma pistola, provavelmente a de calibre 45 usada para matar as nove pessoas em um grupo de estudo da Bíblia, na igreja Emanuel.

Não se sabe quem tirou as fotos –nenhuma delas é uma selfie, e ele aparece sozinho em todas.