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    França considera 'inaceitável' espionagem de presidentes pelos EUA

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    24/06/2015 06h05

    O governo da França considerou nesta quarta-feira (24) como algo "inaceitável" a informação divulgada pelos meios de comunicação de que os Estados Unidos espionaram, pelo menos entre 2006 e maio de 2012, os três presidentes franceses que se sucederam nesse período —Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande.

    O Ministério de Relações Exteriores da França convocou o embaixador americano em Paris para esclarecimentos sobre as revelações de espionagem. Além disso, a França deve enviar um coordenador de Inteligência aos Estados Unidos nos próximos dias.

    "A França não aceitará ações que ameacem a sua segurança e a proteção de seus interesses", afirmou em comunicado nesta quarta o gabinete presidente francês, François Hollande, após uma reunião de emergência com ministros e comandantes das Forças Armadas.

    AFP
    (Da esq. p/ dir.) Chirac, Sarkozy e Hollande foram investigados pelos EUA entre 2006 e 2012
    (Da esq. p/ dir.) Chirac, Sarkozy e Hollande foram investigados pelos EUA entre 2006 e 2012

    O gabinete diz também não ser a primeira vez em que surgem acusações de espionagem sobre a França e que as "autoridades americanas haviam adotado compromissos" que "devem ser reafirmados e estritamente respeitados".

    Na terça (23), o jornal francês "Libération" e o site Mediapart, da organização de vazamento de documentos WikiLeaks, revelaram que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) havia empreendido "uma operação de grande envergadura" para monitorar as comunicações os três chefes de Estado franceses e seus colaboradores próximos, como diplomatas e chefes de gabinete.

    Aparentemente, a publicação dos documentos que evidenciam a espionagem foi programada a fim de coincidir com uma votação no Parlamento francês de um projeto de lei que amplia os poderes de espionagem das autoridades do país.

    Após as revelações, os EUA afirmaram que não monitoram o presidente Hollande e que não visam monitorá-lo no futuro.

    "Não temos como objetivo e não teremos como objetivo as comunicações do presidente Hollande", afirmou na terça à agência AFP Ned Proce, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão ligado à Casa Branca.

    O porta-voz do governo francês, Stéphane Le Foll, disse nesta quarta França à emissora i-Télé disse que a espionagem "não é aceitável nem compreensível" pois "França e EUA são aliados frequentes no mundo em nome da democracia e da liberdade".

    "Não vamos entrar em uma crise. É preciso refletir sobre o que está sendo dito. Já temos crises suficientes", adicionou Le Foll.

    A revelação de que os EUA espionaram líderes franceses reaviva o escândalo de monitoramento de comunicações pela NSA, denunciado em 2013 por seu ex-funcionário Edward Snowden.

    Na época, tornou-se público que as autoridades americanas haviam espionado centenas de civis estrangeiros e chefes de Estado como a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e a chanceler alemã, Angela Mekel. O escândalo provocou atritos nas relações bilaterais dos EUA com esses países.

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