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    Obama diz a líder francês que EUA não espionam suas comunicações

    DE SÃO PAULO

    24/06/2015 14h36

    O presidente Barack Obama disse nesta quarta-feira (24) ao presidente francês, François Hollande, que os EUA não espionam suas comunicações e reafirmou seu compromisso em "pôr fim a práticas do passado inaceitáveis entre os aliados", informaram a Casa Branca e a Presidência francesa.

    As declarações foram feitas durante conversa por telefone com o líder francês, após revelações feitas pela imprensa francesa de que os serviços de inteligência dos EUA teriam espionado três presidentes franceses entre 2006 e 2012.

    Em comunicado, o palácio do Eliseu afirmou que a conversa "foi a oportunidade de falar sobre os princípios que devem reger as relações entre os aliados em termos de inteligência".

    AFP
    (Da esq. p/ dir.) Chirac, Sarkozy e Hollande foram investigados pelos EUA entre 2006 e 2012
    (Da esq. p/ dir.) Chirac, Sarkozy e Hollande foram investigados pelos EUA entre 2006 e 2012

    Também segundo a Casa Branca, o presidente americano prometeu manter a cooperação com a França em questões de inteligência e segurança.

    Previamente à conversa entre os dois líderes, o governo da França havia classificado como "inaceitável" a denúncia de que os EUA espionaram Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e Hollande.

    O Ministério de Relações Exteriores da França convocou o embaixador americano em Paris para esclarecimentos sobre as revelações de espionagem. Além disso, a França deve enviar um coordenador de Inteligência aos EUA nos próximos dias.

    "A França não aceitará ações que ameacem a sua segurança e a proteção de seus interesses", afirmou em comunicado o gabinete do presidente francês após uma reunião de emergência com ministros e comandantes das Forças Armadas.

    Ao lembrar que essa não era a primeira vez em que surgiam acusações de espionagem sobre a França, o gabinete lembrou que as "autoridades americanas haviam adotado compromissos" que "devem ser reafirmados e estritamente respeitados".

    De acordo com a Casa Branca, no telefonema desta quarta Obama disse a Hollande que os EUA estão cumprindo o compromisso assumido por Washington em 2013 de não espionar o presidente francês.

    DENÚNCIA

    Na terça (23), o jornal francês "Libération" e o site Mediapart, da organização de vazamento de documentos WikiLeaks, revelaram que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) havia empreendido "uma operação de grande envergadura" para monitorar as comunicações dos três chefes de Estado franceses e de seus colaboradores próximos, como diplomatas e chefes de gabinete.

    Aparentemente, a publicação dos documentos que evidenciam a espionagem foi programada a fim de coincidir com uma votação no Parlamento francês de um projeto que amplia os poderes de espionagem das autoridades do país.

    Após as revelações, os EUA afirmaram que não monitoram o presidente Hollande e que não visam monitorá-lo no futuro.

    "Não temos como objetivo e não teremos como objetivo as comunicações do presidente Hollande", afirmou na terça à agência AFP Ned Proce, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão ligado à Casa Branca.

    O porta-voz do governo francês, Stéphane Le Foll, disse nesta quarta França à emissora i-Télé disse que a espionagem "não é aceitável nem compreensível", pois "França e EUA são aliados frequentes no mundo em nome da democracia e da liberdade".

    "Não vamos entrar em uma crise. É preciso refletir sobre o que está sendo dito. Já temos crises suficientes", adicionou Le Foll.

    A revelação de que os EUA espionaram líderes franceses reaviva o escândalo de monitoramento de comunicações pela NSA, denunciado em 2013 por seu ex-funcionário Edward Snowden.

    Na época, tornou-se público que as autoridades americanas haviam espionado centenas de civis estrangeiros e chefes de Estado como a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e a chanceler alemã, Angela Mekel. O escândalo provocou atritos nas relações bilaterais dos EUA com esses países.

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