Um dos autores do atentado à maratona de Boston, Dzhokhar Tsarnaev, 21, pediu desculpas nesta quarta-feira (24) pelas três mortes e por deixar mais de 260 feridos nas duas explosões de 15 de abril de 2013.
"Eu sinto muito pelas vidas que tirei, pelo sofrimento que causei a vocês, pelos danos que eu provoquei, irreparáveis danos. Eu rezo para que vocês possam ter um alívio, para que vocês se recuperem", disse Tsarnaev.
A declaração foi feita antes da formalização de sua condenação à morte por um tribunal federal dos EUA. Ele agiu junto com seu irmão, Tamerlan, que foi o mentor do atentado e morreu em perseguição policial quatro dias depois.
Na fala de cinco minutos, o ex-estudante fez referências religiosas e parou diversas vezes para respirar, como se estivesse tentando se recompor. Ele mostrou remorso por ter feito o ataque, ao se referir às vítimas e aos sobreviventes.
"Todas as palavras que foram ditas pelas testemunhas nesta corte chegaram a mim. Eu estava ouvindo o sofrimento que foi [o ataque] e as dificuldades que ainda existem com força, com paciência, com dignidade".
Antes de Tsarnaev se pronunciar pela primeira vez em público desde que foi preso, quatro dias depois do atentado, houve três horas de depoimentos de parentes dos mortos e de sobreviventes do atentado.
"Não é possível que ele tenha alma para fazer uma coisa tão horrível", disse Karen Rand McWatters, que perdeu sua perna nas explosões.
McWaters também perdeu sua melhor amiga, Krystle Campbell. A mãe de Campbell, Patricia, preferiu se referir diretamente ao autor. "O que você fez contra a minha filha é repugnante. Acho que o júri fez a coisa certa."
Em 15 de maio, o jovem foi condenado à morte, na primeira vez que a Justiça americana sentenciou um terrorista à pena capital desde os atentados de 11 de setembro de 2001.
JUSTIFICATIVA
Segundo o FBI (Birô Federal de Investigações, a polícia federal americana), Dzhokhar Tsarnaev afirmou que ele e seu irmão fizeram o atentado como uma vingança aos Estados Unidos pelas mortes de islâmicos no Afeganistão e no Iraque.
Os agentes dizem que Tamerlan viajou ao Daguestão, república separatista da região do Cáucaso, para fazer treinamento com radicais islâmicos. Ao voltar aos EUA, convenceu Dzhokhar a participar da ação.
Ex-estudante da Universidade de Massachusetts, Dzhokhar foi preso em 19 de abril de 2013, depois de uma perseguição policial que começou na madrugada e deixou Boston paralisada por mais de 20 horas.
Ele foi encontrado gravemente ferido dentro de um barco na lateral de uma casa da cidade. Antes de ser transferido para uma prisão federal, Dzhokhar ficou dois meses internado recuperando-se das feridas.