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    Autoridades interrogam suspeito de ataque a usina de gás no sul da França

    DA REUTERS

    27/06/2015 07h54

    Autoridades francesas estão interrogando um entregador de 35 anos de origem do norte da África, suspeito de decapitar seu chefe em uma tentativa de explodir uma fábrica de químicos no sudeste da França.

    Yassim Salhi foi identificado na sexta-feira (26) como principal suspeito do ataque.

    O presidente François Hollande, em meio a nova insegurança menos de seis meses depois de 17 terem sido mortos por terroristas islâmicos no satírico semanal "Charlie Hebdo" e em um mercado judeu em Paris, diz que o incidente está claramente relacionado a um ataque terrorista.

    Yassim Salhi é suspeito de ter forçado sua van de entregas em um armazém de estocagem de gás, provocando uma explosão inicial. Ele foi preso minutos depois enquanto abria latas contendo químicos inflamáveis, disseram investigadores na sexta (26).

    A polícia encontrou mais tarde a cabeça da vítima, um gerente de 54 anos da firma de transportes que empregava o suspeito, em uma cerca da área, envolta em bandeiras com referências ao Islã.

    Salhi, sua esposa, irmã e uma quarta pessoa estão detidas para interrogatório durante o fim de semana. Salhi era conhecido pelas autoridades francesas como um risco em potencial porque ele visitava islamistas, mas não houve uma reivindicação de autoria do ataque.

    Enquanto um inquérito antiterrorista foi iniciado, o promotor público de Paris François Molins fez um alerta contra conclusões prematuras e disse que investigadores ainda precisavam entender o que aconteceu na zona industrial de Saint Quentin-Fallavier, a 30 quilômetros ao sul da cidade de Lyon.

    "Ainda há dúvidas sobre a cronologia exata dos eventos, o que aconteceu quando ele chegou, as circunstâncias da decapitação, a motivação e se havia ou não cúmplices", disse.

    TRÊS ATAQUES NO MESMO DIA

    O ataque mais recente na França aconteceu no mesmo dia em que homens armados mataram ao menos 37 pessoas em uma praia na Tunísia e que um homem-bomba do Estado Islâmico matou 24 pessoas e feriu mais de 200 em uma mesquita no Kuwait.

    Autoridades francesas, contudo, disseram que não há conexão entre os ataques, e que não há indicação de que o local tenha sido atacado por pertencer a uma companhia dos Estados Unidos, a indústria de gases e químicos Air Products.

    "Não há nenhuma outra ligação além do terrorismo como inimigo comum", disse Hollande depois de retornar a Paris de um encontro da União Europeia em Bruxelas (Bélgica).

    "Não devem existir dúvidas em relação a capacidade do nosso país de se proteger e permanecer vigilante", disse, anunciando maior rigidez nos níveis de segurança nacional que, segundo ele, não têm precedentes nas últimas décadas.

    Diferentemente dos homens armados dos ataques de janeiro, Salhi não tem ficha criminal, mas o fato de ele ter sido listado entre 2006 e 2008 como alguém com risco de radicalização, e depois ter chamado a atenção dos serviços de inteligência por ligações com radicais islâmicos, pode gerar polêmica no debate político local.

    Isso também pode reavivar as tensões envolvendo os cinco milhões de muçulmanos na França, apesar de a maioria deles ter condenado os ataques ao semanário "Charlie Hebdo".

    Enquanto as ligações terroristas de Salhi eram conhecidas pelas autoridades, seus vizinhos e família manifestaram desconfiança em relação aos acontecimentos de sexta.

    "Eles são uma família muito normal", disse uma dona de casa de 46 anos que disse se chamar Brigitte. "Eu só falava com a esposa, ele não dizia oi nem tchau".

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