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    Irã e potências adiam negociação de acordo nuclear para até 7 de julho

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    DE SÃO PAULO

    30/06/2015 12h50

    Os EUA confirmaram nesta terça-feira (30) a prorrogação do prazo das negociações para um acordo nuclear entre as potências mundiais e o Irã.

    O prazo para as negociações, que expiraria na noite desta terça, foi estendido para 7 de julho a fim de "garantir mais tempo para que as negociações alcancem uma solução de longo prazo (...) na questão nuclear iraniana", disse a porta-voz do Departamento de Estado americano, Marie Harf.

    A decisão foi tomada no mesmo dia em que o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, se reuniu em Viena (Áustria) com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, para uma nova rodada de negociações.

    Reuters
    O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler iraniano, Javad Zarif, reunidos em Viena nesta terça (30)
    O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler iraniano, Javad Zarif, reunidos em Viena

    Fontes diplomáticas envolvidas no diálogo, porém, disseram à agência de notícias Associated Press que o Irã já estaria cumprindo um dos pontos principais do acordo: reduzir significativamente seus estoques de urânio enriquecido que poderiam ser usados para a fabricação de bombas atômicas.

    Segundo os diplomatas, que pediram anonimato, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU) deve anunciar essa redução dos estoques iranianos em um relatório nesta quarta-feira (1º).

    O objetivo da negociação é diminuir a suspeita do grupo 5+1 —EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha— de que o Irã quer desenvolver uma bomba atômica. A acusação sempre foi negada por Teerã, que diz utilizar a energia nuclear para fins pacíficos.

    Em troca do acordo, os iranianos querem que sejam suspensas as sanções econômicas impostas principalmente por EUA e países da União Europeia. Especula-se que a prorrogação do prazo da atual negociação esteja ligado a divergências sobre a inspeção das usinas iranianas e a suspensão das sanções.

    CONDIÇÕES DE OBAMA

    Nesta terça-feira, em Washington, durante a entrevista coletiva com Dilma Rousseff, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que não haverá acordo se os EUA considerarem as inspeções insuficientes.

    "Fala-se muito, do lado dos negociadores iranianos, se de fato eles poderão cumprir algumas das condições acordadas em Lausanne. Se não puderem, isso vai ser um problema", declarou o presidente.

    Até agora, o Irã não permitiu que os inspetores da AIEA entrassem em suas instalações militares.

    Na segunda-feira (29), os EUA afirmaram que o acordo com o Irã não exigirá que os inspetores internacionais possam entrar em todas as instalações militares, mas apenas naquelas em que a agência nuclear da ONU suspeitar de atividades não declaradas.

    O pré-acordo assinado na Suíça em abril prevê limitar entre 10 e 25 anos algumas atividades nucleares na República Islâmica e a remodelação de certas instalações atômicas.

    O Irã também deve reduzir consideravelmente o número de suas centrífugas, que servem para transformar o urânio, e limitar o enriquecimento a 3,67%, suficiente apenas para geração de energia –para fazer bombas, o material deve ser enriquecido a 90%.

    No capítulo das sanções, os países ocidentais querem uma suspensão progressiva das punições, de acordo com a verificação dos compromissos do Irã pela AIEA.

    ISRAEL

    A nova rodada de negociações, em Viena, começou neste sábado (27). No domingo (28), o principal opositor do acordo, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou as potências de ceder ao Irã.

    "Vemos diante de nossos olhos uma forte retração dos limites que as potências mesmas colocaram recentemente. Não há razão para assinar de forma apressada este acordo ruim, que fica pior a cada dia."

    Membros da delegação americana consideraram a declaração de Netanyahu absurda e disseram ter levado quase dois anos negociando.

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