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    Análise

    Obama apoia Dilma em momento de fragilidade política no Brasil

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

    30/06/2015 19h03

    Em momento de fragilidade política da presidente Dilma Rousseff, o presidente Barack Obama fez clara demonstração de apoio à líder brasileira.

    Indagado durante a coletiva se havia uma quebra de confiança entre os dois países por causa da crise no Brasil, Obama afirmou: "Confio nela completamente. Ela [presidente Dilma] cumpriu o que prometeu", disse, referindo-se aos acordos de cooperação em defesa que eram de interesse americano e foram anunciados.

    "Ela conseguiu que eles fossem aprovados no Congresso. Ela usou seu capital político para conseguir isso, e acho que é um bom indicativo de que ela é uma parceira confiável."

    A visita de Dilma a Washington seria realizada em outubro de 2013, mas foi cancelada depois do escândalo de espionagem da presidente brasileira pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).

    Muitos dos acordos que foram anunciados nesta terça (30) —como o Global Entry, o acordo de previdência e a abertura para a carne in natura brasileira— seriam apresentados em 2013, mas ficaram paralisados desde então.

    A visita desta terça selou a reaproximação entre os dois países, após mais de dois anos de relações estremecidas. Obama afirmou que o Brasil é um "parceiro absolutamente indispensável" dos EUA e uma "liderança global, não apenas regional".

    "As negociações que serão feitas em Paris em torno da mudança climática só podem ser bem-sucedidas com o Brasil como um líder-chave, e os anúncios feitos hoje sobre energia renovável são indicadores da liderança do Brasil; o Brasil é um grande ator global."

    Dilma retribui o gesto, elogiando a medida que deve ser um dos maiores legados de Obama em política externa: a reaproximação com Cuba.

    "[A reaproximação com Cuba] é um momento decisivo na relação com a América Latina: o estabelecimento de uma relação de qualidade muda o patamar do relacionamento dos EUA com toda a região", disse.

    Editoria de Arte/Folhapress
    PRINCIPAIS MEDIDAS DOS EUA E DO BRASIL Dilma e Obama se reuniram nesta terça (30)

    Mas ela não deixou de dar uma alfinetada sutil em Washington em referência a seu relacionamento com a Venezuela e pelo fato de os EUA adotarem posição de maior confronto com o país. Em março, ao anunciar sanções contra funcionários venezuelanos, EUA até caracterizam a Venezuela como ameaça à segurança nacional.

    Para Dilma, a reaproximação com Cuba "é um padrão e um exemplo de relação que deve ser seguido" em relação a outros países.

    Dilma, que visitou na segunda (29) o monumento ao líder negro de direitos civis americano Martin Luther King, disse que o Brasil e os EUA têm muito em comum.

    "Tivemos uma marca, que foi a luta para superar a escravidão", afirmou, acrescentando: "E nós temos múltipla diversidade étnica e cultural, um dos nossos grandes patrimônios, dos EUA também".

    Dilma chamou o líder americano de "nosso querido presidente Barack Obama", enquanto Obama a agradeceu "por sua amizade".

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