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    Cuba e EUA reabrirão embaixadas em Washington e Havana em 20 de julho

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    01/07/2015 11h27 - Atualizado às 13h47

    Cuba e EUA anunciaram nesta quarta-feira (1º) que deverão reabrir em 20 de julho as embaixadas em Washington e Havana, em mais um passo na retomada de relações entre os dois países.

    Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que a medida é um "passo histórico" e mais uma demonstração de que os EUA não têm de ficar aprisionados ao passado.

    Em uma carta a Obama, o ditador cubano, Raúl Castro, disse estar "satisfeito" de confirmar que seu país retomará relações com os EUA. Segundo o documento, Cuba está fazendo isso "encorajada pela intenção recíproca de desenvolver relações respeitosas e cooperação entre nossas populações e governos".

    Ao fazer o anúncio, Obama citou a presidente Dilma Rousseff, dizendo que era o momento para que o governo americano retomasse relações com Cuba.

    "Desde dezembro, vimos um forte entusiasmo com essa nova iniciativa. Líderes em toda a América expressaram seu apoio a essa política. Vocês ouviram o que disse a presidente brasileira, Dilma Rousseff, sobre isso ontem [terça-feira, 30]".

    Durante visita a Casa Branca, a líder brasileira afirmou que "a reaproximação com Cuba é um momento decisivo na relação com a América Latina: o estabelecimento de uma relação de qualidade muda o patamar do relacionamento dos EUA com toda a região".

    Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Cuba e um alto funcionário do Departamento de Estado, a retomada das relações diplomáticas, simbolizada com a reabertura das duas embaixadas, ocorrerá em 20 de julho.

    De acordo com o líder americano, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, viajará a Havana para hastear a bandeira americana na embaixada. Ainda não há, porém, uma data para a cerimônia oficial com a presença de Kerry.

    Segundo o jornal "New York Times", Kerry planeja viajar a Havana em 22 de julho.

    Segundo Obama, a reabertura completa da embaixada em Havana significa que os diplomatas dos EUA poderão lidar diretamente com autoridades cubanas, com líderes da sociedade civil e cubanos comuns. A declaração fez referência a uma demanda-chave dos EUA durante as negociações com Cuba.

    O governo de Castro relutava em aprovar a medida devido ao contato dos americanos com dissidentes.

    Em seu pronunciamento, que foi transmitido ao vivo em espanhol pela TV cubana, o presidente americano também pediu que o Congresso levante o embargo a Cuba.

    Alejandro Ernesto/Efe
    Jeffrey DeLaurentis entrega ao chanceler interino cubano, Marcelino Medina, o pedido de reabertura
    Jeffrey DeLaurentis entrega ao chanceler interino cubano, Marcelino Medina, o pedido de reabertura

    REAPROXIMAÇÃO

    As representações americana na ilha e cubana em Washington estão fechadas desde 1961. A reabertura era esperada desde dezembro, quando o descongelamento das relações foi oficializado por Obama e o ditador Raúl Castro.

    O anúncio foi feito inicialmente em nota do Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

    Pouco antes do comunicado cubano, o chefe da seção de negócios americano em Cuba, Jeffrey DeLaurentis, entregou o pedido formal ao ministro interino das Relações Exteriores cubano, Marcelino Medina.

    Ao mesmo tempo, Cuba faz reformas na casa onde fica sua seção de negócios em Washington. O prédio teve sua cerca pintada e ganhou um mastro onde deverá ser hasteada a bandeira.

    Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro comemorou a decisão, descrevendo-a como o passo mais importante na normalização das relações entre os dois países.

    Editoria de Arte/Editoria de arte
    Cuba e EUA

    HISTÓRICO

    A retomada das relações entre EUA e Cuba é vista como o maior legado de política externa que Obama deixará em sua Presidência. Também representa o maior sinal de abertura do regime cubano desde que tomou o poder, em 1959.

    O primeiro dos avanços da negociação foi a libertação de 53 presos políticos cubanos em troca de três cubanos presos nos Estados Unidos sob a acusação de espionagem, em 17 de dezembro.

    No mês seguinte, os dois países flexibilizaram as permissões para viagens e negócios e elevaram o limite de remessas. Na mesma ocasião, também foi liberada a exportação de insumos agrícolas e aparelhos de comunicação dos EUA.

    Obama e Raúl Castro fizeram o primeiro encontro oficial em abril, durante a Cúpula das Américas no Panamá. No mês seguinte, a ilha foi retirada da lista de países patrocinadores do terrorismo, uma exigência do regime.

    PENDÊNCIAS

    A reabertura das embaixadas, porém, deverá encontrar resistências, principalmente do Congresso americano. As duas casas do Legislativo são dominadas pelos republicanos, que são contra a negociação com o país comunista.

    Isso poderá impedir a liberação dos US$ 6,6 milhões (R$ 20,46 milhões) para a reforma do prédio da embaixada em Havana e a efetivação de Jeffrey DeLaurentis como embaixador.

    Na visão dos adversários de Obama, a retomada das negociações com Cuba legitima violações de direitos humanos do regime comunista, como as prisões políticas, a censura à imprensa e a repressão a opositores.

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