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    Venezuela é a mais insatisfeita da região com democracia, diz pesquisa

    VINICIUS PEREIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA EM SÃO PAULO

    05/07/2015 03h00

    Descrentes da capacidade de o governo Nicolás Maduro oferecer soluções para seu país, os venezuelanos aparecem como os menos satisfeitos com a democracia na América Latina.

    Um estudo do Projeto de Opinião Pública da América Latina (Lapop, em inglês), da Universidade Vanderbilt (EUA), mostrou que a Venezuela ocupa a última posição no ranking de satisfação com a democracia entre 25 países da região.

    Na pesquisa, feita com cerca de 50 mil pessoas, o país atingiu 38,3 pontos em uma escala de 0 a 100.

    Boris Vergara - 18.fev.2015/Xinhua
    Venezuelanos pedem a libertação do líder opositor Leopoldo López em fevereiro em Caracas
    Grupo pede a libertação do líder opositor venezuelano Leopoldo López, em fevereiro, em Caracas

    "Quando um governo é incapaz de entregar resultados positivos aos cidadãos, obviamente cai o nível de satisfação com o funcionamento da democracia", diz Mariana Rodriguez, pesquisadora da universidade que analisou os dados da Venezuela.

    O resultado apresentado nesta semana pelo Lapop é o pior desde 2007, quando o país ainda era governado por Hugo Chávez (1954-2013).

    "A grande diferença entre o governo atual e o de Chávez é que Maduro não conta com o benefício do preço elevado do petróleo", diz Marcus Vinicius de Freitas, professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

    "Isso o obriga a repensar políticas públicas, pois o Estado está cada vez mais endividado e com uma moeda desvalorizada."

    Para Freitas, Chávez, com o bom preço que o petróleo tinha no início de seu governo, pôde entregar benefícios sociais aos venezuelanos. "Mas Maduro não tem nem o carisma de Chávez nem as circunstâncias da época a seu favor."

    PERSPECTIVAS

    De acordo com o estudo do Lapop, apesar de a situação econômica ser relevante para a satisfação com a democracia, o maior peso vem da esperança em relação a uma agenda para o futuro.

    Freitas concorda. "As pessoas na América Latina entendem que há uma crise global. Porém a grande preocupação é sobre o que os governos estão fazendo para resolver essa situação", afirma.

    A Venezuela registrou inflação de 68,5% em 2014. Neste ano, porém, o governo ainda não divulgou os principais indicadores econômicos.

    Segundo dados compilados pelo Lapop, 80,3% dos venezuelanos acreditam que a situação econômica é pior que nos 12 meses anteriores.

    Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), o país deve ter uma retração de 7% no PIB deste ano.

    Além da apreensão pelo futuro econômico, os esforços para calar a oposição ajudam a derrubar a credibilidade de Maduro, segundo o estudo.

    "Os resultados mostram que os venezuelanos são bastante favoráveis a direitos civis. Os esforços para silenciar críticos do regime podem prejudicar não só o nível de satisfação com a democracia mas também a popularidade de Maduro", diz Rodriguez.

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