• Mundo

    Sunday, 28-Apr-2024 00:21:14 -03

    Grupo apresenta a governo português projeto de embaixada para ETs

    GIULIANA MIRANDA
    EM LISBOA

    06/07/2015 11h00

    O Movimento Raeliano —grupo que acredita que a vida na Terra foi criada por seres de outro planeta— apresentou um pedido formal ao governo de Portugal para que seja construída uma embaixada para extraterrestres no país.

    O espaço serviria não somente como representação diplomática, mas também como ponto de pouso para as naves espaciais. Na área total de 4.000 m2 haveria ainda um amplo gramado, piscina, sala de reunião e alojamento para os visitantes intergaláticos descansarem.

    Orçado em US$ 40 milhões, o projeto apresentado ao governo foi assinado pelo arquiteto português Marco Antunes. O profissional destaca que, apesar de ter dado palpites na obra, os aspectos fundamentais do design teriam sido transmitidos por arquiteto alienígena em contatos anteriores com membros do grupo.

    Reprodução
    Projeto da embaixada para ETs que o Movimento Raeliano quer construir em Lisboa, Portugal
    Projeto da embaixada para ETs que o Movimento Raeliano quer construir em Lisboa, Portugal

    A grande estrutura circular do edifício lembra muito as esferas encontradas em lavouras em diversas partes do mundo e que, muitas vezes, costumam ser atribuídas ao trabalho de ETs.

    "Sabemos que muitas dessas esferas são falsas, mas algumas são genuínas", diz o arquiteto, que usou ainda o "estudo prévio" e a forma proposta por um outro arquiteto do movimento no fim da década de 1990.

    Ou seja: o projeto não é novo, mas andava um pouco parado. Os raelianos queriam mesmo construir a embaixada em Israel, mas diante da negativa do país, resolveram promover o edifício e cogitar sua implantação efetiva em outros lugares.

    REQUISITOS

    Além do complexo especialmente desenhado para as necessidades alienígenas, a embaixada ainda tem uma lista de outros requisitos, como estar instalada em um país de clima ameno e que respeite a questão dos direitos humanos, ter uma zona de exclusão aérea, além de ser afastada do monitoramento direto de radares.

    Portanto, o bairro do Restelo, zona nobre de Lisboa onde estão situadas boa parte das embaixadas no país, já teria de ficar de fora.

    Além disso, o grupo não abre mão de um traço comum a esse tipo de representações: a inviolabilidade diplomática.

    "O problema não é o dinheiro. Isso o Movimento Raeliano pode arrecadar. O que nós gostaríamos é o reconhecimento desse espaço como uma embaixada, com o direito de extraterritorialidade, explica o espanhol David Uzal, coordenador da iniciativa em Portugal e nos países lusófonos.

    "Nós poderíamos comprar um terreno grande em algum país, mas nós queremos que a embaixada tenha o status reconhecido pelo governo", completa Uzal.

    O grupo ainda não definiu que área de Portugal seria mais indicada, mas o arquiteto Marco Antunes palpita que o Alentejo, devido à geografia, seria uma boa opção.

    Além dos benefícios para a salvação do planeta, os raelianos dizem que a embaixada poderia ajudar a cambaleante economia portuguesa. A construção do edifício traria investimentos diretos e, de quebra, ainda atrairia raelianos abastados de várias partes do mundo.

    RAELIANOS

    Fundado na década de 1970 pelo ex-jornalista francês Claude Vorilhon, que desde então adotou o nome Rael, o Movimento Raeliano afirma que a vida na Terra não surgiu espontaneamente, mas sim através do chamado design inteligente, usando o DNA de um povo extraterrestre, os Elohim. Estima-se que o movimento tenha pouco mais de 70 mil adeptos no mundo todo.

    Esses ETs teriam entrado em contato com alguns profetas ao longo dos séculos –entre eles Maomé e Jesus Cristo– e passado suas mensagens, dando sinais de seu retorno.

    Mas, para para que esse retorno aconteça, os extraterrestres teriam feito algumas exigências, incluindo a demonstração de que os humanos realmente querem esse contato. E é aí que entra a necessidade de nossa civilização construir uma embaixada.

    "O ideal é que fosse em Israel, pela ligação que os Elohim têm com o povo judeu e pela importância daquele local para várias religiões, mas eles já negaram o pedido", explica Uzal.

    RETORNO DOS ETS

    O objetivo é ter a embaixada pronta para o retorno dos ETs, previsto para 2035. Além de Portugal, outros países devem ser contactados. O Brasil também está na lista e foi destacado, segundo os raelianos, pela pluralidade religiosa.

    Há mais de uma década, os raelianos chegaram a conversar com o governo brasileiro sobre o assunto, mas as negociações não foram para a frente. Eles esperam retomar o contato.

    Em 2002, o grupo ficou famoso por um outro motivo. A empresa Clonaid, criada por eles, afirmou que teria gerado o primeiro clone humano da história: uma bebê batizada de Eve. Outros nascimentos de "clones" foram anunciados pela empresa, mas a comunidade científica mundial sempre negou esses resultados.

    Até agora, o governo de Portugal ainda não se manifestou. Segundo Uzal, eles não esperam que a resposta seja mesmo rápida.

    Procurado pela Folha, o governo português não respondeu até a conclusão desta reportagem.

    Pedidos inusitados não são raridade para a maioria dos governantes. Em 2012, após a popularização de um abaixo-assinado para a construção de uma réplica da Estrela da Morte, nave usada por Darth Vader para controlar a galáxia na saga "Guerra nas Estrelas", a Casa Branca resolveu se manifestar.

    "Esta administração também quer gerar empregos, mas a construção de uma Estrela da Morte não está em nosso horizonte", explicou o governo de Obama em nota oficial. Entre os motivos listados está o alto custo do projeto, que aumentaria o deficit público em um momento de austeridade, além da falta de interesse dos EUA em explodirem outros planetas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024