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    Após votação, bandeira confederada será removida na Carolina do Sul

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    09/07/2015 10h24 - Atualizado às 18h49

    Após a aprovação de uma lei pela Câmara dos Representantes da Carolina do Sul, a bandeira de guerra da Confederação sulista (1861-65), símbolo do período escravagista nos EUA e usado por grupos racistas até hoje, será retirada na manhã desta sexta (10) dos jardins em frente ao prédio do Legislativo local.

    O debate na casa durou 13 horas. Na tarde desta quinta (9), a governadora do Estado, Nikki Haley –republicana e ligada ao movimento conservador Tea Party–, sancionou a lei. A remoção da bandeira, que será enviada a um museu de história local, está prevista para as 10h (hora local) de sexta.

    "É um novo dia na Carolina do Sul, um dia de que todos podemos nos orgulhar, um dia que realmente nos une enquanto continuamos a nos curar, como um só povo", disse Haley.

    Poucas horas após a aprovação da lei pelo Legislativo da Carolina do Sul, líderes republicanos na Câmara federal, em Washington, cancelaram a votação de uma emenda que seguiria permitindo o uso da mesma bandeira em cemitérios operados pelo Serviço Nacional de Parques.

    "Essa lei ficará em suspenso até que consigamos alguma resolução sobre ela", disse o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, o republicano John Boehner. Segundo ele, é preciso haver uma discussão bipartidária sobre o tema.

    No dia anterior, republicanos haviam consentindo com uma emenda democrata que proíbe a venda da bandeira em lojas de souvenir e sua exposição em espaços federais. A pedido de parlamentares republicanos do Sul, contudo, eles apreciariam na tarde desta quinta (9) um texto que permitiria seu uso em cemitérios.

    SELFIES

    Na Carolina do Sul, houve abraços, lágrimas e cumprimentos na sede do Legislativo após a votação. Cidadãos que esperaram décadas pela retirada da bandeira comemoraram tirando selfies.

    A mais recente iniciativa contra a bandeira começou depois que nove fiéis negros, incluindo o senador estadual e pastor Clementa Pinckney, foram baleados quando liam a Bíblia numa igreja histórica, em 17 de junho. Segundo a polícia, a motivação do atirador –o branco Dylann Roof, 21– foi o ódio racial. Dias depois, surgiram fotos mostrando o suspeito próximo a bandeiras dos confederados.

    Após a Guerra Civil, em que o Sul escravocrata se rebelou contra os Estados do norte dos EUA, a bandeira voltou a ser hasteada no domo do legislativo da Carolina do Sul em 1961, para celebrar o centésimo aniversário da guerra. Permaneceu lá em protesto contra o movimento de direitos civis que buscava acabar com a discriminação contra os negros. Em 2000, a bandeira foi movida do domo ao seu lugar atual.

    Jason Miczek/Reuters
    Alan Hoyle segura uma Bíblia e uma bandeira confederada em protesto contra a retirada do símbolo
    Alan Hoyle segura uma Bíblia e uma bandeira confederada em protesto contra a retirada do símbolo

    "Tenho 44 anos de idade. Nunca achei que veria este momento. Estou ao lado de pessoas que nunca acharam que veriam isso, também", disse Todd Rutherford, legislador estadual democrata, que chamou as vítimas de mártires.

    Opositores da retirada lamentaram que a bandeira tenha sido "sequestrada" pelos racistas. O legislador republicano Mike Pitts, que lembra de ter brincado com a espada de cavalaria de um antepassado confederado quando criança, disse que para ele a bandeira lembra do quanto os fazendeiros pobres do Sul dos EUA combateram os ianques (do Norte) –não porque odiassem os negros ou porque apoiassem a escravidão, mas porque suas terras estavam sendo invadidas.

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