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    Chefe de cartel, "El Chapo" Guzmán foge por túnel de prisão no México

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    12/07/2015 06h08

    Em uma fuga com características cinematográficas, o narcotraficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, 58, líder do poderoso cartel de Sinaloa, escapou na noite de sábado (11) de uma penitenciária de segurança máxima a 90 km da capital, onde estava desde fevereiro de 2014.

    A fuga -sua segunda em 14 anos-, além de levantar temores sobre o retorno à ativa do homem que já foi apontado como o narcotraficante mais poderoso do mundo, expõe o governo de Enrique Peña Nieto, que havia promovido sua prisão, no ano passado, como símbolo de sucesso na guerra contra os cartéis.

    Edgard Garrido/Reuters
    Soldados inspecionam um ônibus em um posto de controle em um acesso a estrada da Cidade do México, em busca de El Chapo
    Soldados inspecionam um ônibus em um acesso a estrada da Cidade do México, em busca de 'El Chapo'

    Guzmán fugiu da prisão de Altiplano, na cidade de Almoloya de Juárez, por um túnel de 1,5 km de comprimento, 1,70 m de altura -"El Chapo" tem 1,68 m- e largura que variava entre 60 cm e 80 cm.

    Para chegar ao túnel, ele saiu por um buraco de 50 cm por 50 cm na área do chuveiro -que não é vigiada por câmeras-, e desceu por um duto vertical de cerca de 10 m de profundidade, com a ajuda de uma escada, segundo Monte Alejandro Rubido, comissário nacional de Segurança.

    Guzmán foi visto pela última vez na cela pouco antes das 21h (23h de Brasília), quando entrou no chuveiro.

    No sofisticado túnel, que contava com ventilação e iluminação, as autoridades encontraram uma motocicleta adaptada sobre trilhos que teria servido para transportar as ferramentas necessárias para a escavação, assim como para retirar a terra. Autoridades acreditam que Guzmán possa ter usado a moto na fuga.

    O canal, no qual também foram encontrados instrumentos de construção, tanques de oxigênio e recipientes com combustível, desemboca em um imóvel em construção, no bairro de Santa Juanita, ao sudoeste da penitenciária.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Após a descoberta da fuga, teve início uma verdadeira caçada na região da penitenciária, com batidas policiais nas rodovias. Os voos também foram suspensos no aeroporto mais próximo, em Toluca.

    Segundo autoridades federais mexicanas, a Interpol emitiu um alerta internacional pela fuga de Guzmán.

    Peña Nieto recebeu a notícia da fuga, que considerou "uma afronta ao Estado mexicano", quando viajava para a França para uma visita. O ministro do Interior, Miguel Osorio Chong, retornou imediatamente ao México.

    "A sociedade mexicana está indignada e estou profundamente preocupado com a fuga de um dos criminosos mais procurados no México e no mundo", disse o presidente, que prometeu investigar se houve cumplicidade de funcionários da penitenciária. Trinta agentes penitenciários foram convocados para prestar depoimento.

    TÚNEIS

    O caso chama a atenção especialmente pelo fato de o cartel de Sinaloa ser conhecido por seu know-how na construção de túneis sofisticados para o transporte de drogas, armas e pessoas pela fronteira com os EUA.

    Após a segunda prisão de Guzmán, em fevereiro de 2014, os EUA chegaram a tentar sua extradição. Na época, o secretário de Justiça mexicano, Jesús Murillo Karam, disse não haver a possibilidade de uma segunda fuga do traficante no México.

    No domingo, a secretária de Justiça americana, Loretta Lynch, ofereceu ajuda para a captura de Guzmán.

    Depois da primeira fuga, em 2001, "El Chapo" retornou ao comando de Sinaloa, e em poucos anos levou a organização a dominar o mercado do México com o tráfico de cocaína e o dos EUA, Europa e Ásia, com o de maconha.

    Em 2011, ele apareceu na lista das maiores fortunas do mundo feita pela "Forbes", com mais de US$ 11 bilhões.

    A guerra entre cartéis é responsável por milhares de mortes no país -só em Ciudad Juárez, na fronteira com o Texas, mais de 10 mil já morreram.

    PRISÃO

    Editoria de Arte/Folhapress
    Influência de chapo
    Influência de chapo

    Guzmán foi detido pela primeira vez em 9 de junho de 1993 na Guatemala. Na ocasião, o narcotraficante foi levado para a penitenciária de segurança máxima de Puente Grande, em Jalisco (oeste), de onde conseguiu fugir em 19 de janeiro de 2001, aparentemente escondido em um carrinho de roupa suja.

    O governo iniciou então uma longa e intensa perseguição, mas o criminoso conseguiu evitar a prisão em diversas ocasiões graças a portas reforçadas com aço em suas residências e um sistema de túneis secretos, assim como uma grande conivência com autoridades de todos os níveis.

    Finalmente, em 22 de fevereiro de 2014 Guzmán foi novamente detido por oficiais da Marinha em seu reduto no Estado de Sinaloa (noroeste).

    Na época, a procuradoria mexicana oferecia por Guzmán uma recompensa de US$ 2,3 milhões, enquanto a Justiça norte-americana estipulou o valor de US$ 5 milhões.

    Além disso, a cidade de Chicago o declarou "inimigo público número um", o primeiro criminoso a ser apontado como tal desde Al Capone (1899-1947).

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