• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 05:48:35 -03

    Acordo com o Irã consolida legado externo de Obama

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO
    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    14/07/2015 21h53

    Seis dias separam o anúncio do acordo sobre o programa nuclear do Irã, nesta terça (14), e a reabertura das embaixadas entre Cuba e EUA, no próximo dia 20 –duas das principais conquistas do governo de Barack Obama, que, a dois anos de deixar a Casa Branca, mostra que tipo de legado conseguirá deixar.

    Com as duas casas do Congresso lideradas pela oposição, o democrata se voltou para uma agenda externa que depende menos do aval do Legislativo e cujos resultados lhe dão mais visibilidade global.

    "Desde as eleições de 2010, ele não tem condições de fazer avançar sua agenda interna no Congresso. Então, nesses dois últimos anos, ele tem tentado fazer o que consegue com decretos presidenciais –e não está mais preocupado com reeleição", afirma Alex Keyssar, historiador da Universidade Harvard.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Na reaproximação com Cuba, Obama avançou até onde conseguia sem o Congresso: determinou a reabertura das embaixadas, flexibilizou viagens, elevou o limite para remessas, liberou a exportação de produtos agrícolas. O fim do embargo à ilha, contudo, empaca no Capitólio.

    No caso do acordo com o Irã, o Congresso tem 60 dias para analisar o texto. Obama, porém, ameaça vetar qualquer resolução contra o pacto.

    Para derrubar um veto, seria preciso maioria de dois terços nas duas Casas –o que o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, disse ser "difícil" conseguir, segundo a Reuters. Os republicanos, que têm 54 dos 100 assentos no Senado, precisariam do apoio de 12 democratas.

    John Boehner, presidente da Câmara, disse que, se sua suspeita sobre quão prejudicial e perigoso o acordo poderá ser para os EUA se confirmar, fará o possível para barrar o pacto no Congresso.

    "Não é uma disputa entre republicanos e democratas. É uma questão do que é certo e do que é errado", afirmou.

    O pré-candidato à Presidência Jeb Bush, irmão de George W. Bush, afirmou que o acordo é "perigoso, equivocado e tem visão de curto prazo".

    Entre os democratas, também houve reações cautelosas, como a do senador por Nova York Charles Schumer, que disse que "estudaria cuidadosamente" os termos do acordo antes de se posicionar.
    avanços

    No campo doméstico, especialistas apontam como pontos positivos para Obama a reforma do sistema de saúde, em 2010, e a recuperação da economia, além de alguns avanços na questão migratória obtidos por decreto.

    A legalização, em junho, do casamento gay em todo o país –uma decisão da Suprema Corte– também acaba caindo na conta de Obama, que indicou duas juízas dos cinco que votaram a favor e é o primeiro presidente a apoiar, no cargo, esse tipo de união.

    Para o historiador Daniel Rodgers, da Universidade Princeton, o acordo com o Irã representa uma ruptura importante de uma política baseada apenas em sanções. "Mas ainda é cedo para dizer quais serão os resultados."

    Keyssar, no entanto, já aponta um: "O acordo recoloca os EUA à frente de negociações em temas complicados, em vez das intervenções militares".

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024