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    Brasileiro preso na Cisjordânia é libertado por palestinos

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO
    DIOGO BERCITO
    EM LISBOA

    21/07/2015 18h20

    O palestino-brasileiro Islam Hamed, que estava em greve de fome havia cem dias em uma prisão na Cisjordânia, foi libertado nesta terça (21) pela Autoridade Nacional Palestina após sua família assinar um termo de responsabilidade por sua segurança.

    Hamed, 30, estava detido desde 2010, mas sua pena havia expirado em setembro de 2013. Com a greve de fome, o rapaz, que tinha cerca de 100 quilos perdeu 30 quilos, segundo sua mãe, Nadia Hamed.

    Arquivo pessoal
    O palestino-brasileiro Islam Hamed, que estava preso na Cisjordânia
    O palestino-brasileiro Islam Hamed, que estava preso na Cisjordânia

    De acordo com as autoridades palestinas, ele continuava na prisão para não ser detido pelo governo israelense.

    O rapaz já havia sido preso por Israel aos 17, sob a acusação de arremessar pedras e coquetéis molotov contra soldados israelenses, e ficou detido cinco anos.

    Após nove meses em liberdade, ele foi preso novamente pelo governo israelense, num caso de "detenção administrativa" –em que uma pessoa pode ter sua pena renovada sem acusação clara.

    "Ele não estava preso. Estava sob custódia para não correr riscos", afirmou à Folha o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Al Zeben.

    A família de Hamed, contudo, permanecia apreensiva na madrugada desta quarta (22). Segundo Nadia, o filho ainda não tinha feito contato com a família até a 1h30 de quarta (19h30 de terça em Brasília).

    "Não sabemos onde ele está. Ele não veio para cá, e estamos muito preocupados com isso", disse Nadia.

    Segundo ela, a família aguardava um telefonema das autoridades palestinas para buscar Hamed e trazê-lo para casa. Quando o pai foi à prisão, à tarde, foi avisado de que ele já havia sido solto. "Trouxemos só as coisas que estavam no quarto dele: a televisão, o ventilador e as roupas."

    Segundo o Itamaraty, o encarregado de negócios do Brasil em Ramallah esteve presente quando Hamed assinou o termo em que assumia estar ciente dos riscos de sua libertação, mas não no momento em que deixou a prisão.

    A mãe de Hamed diz não ter recebido o apoio esperado do governo brasileiro. "Tinham que ter ajudado ele. Protegido contra o que pudesse acontecer. Estou muito magoada. Pensei que o governo fosse nos ajudar, mas isso não aconteceu."

    O ministério disse não ter fundamento a acusação, já que vinha fazendo gestões junto aos governos palestino e israelense para que Hamed fosse solto e repatriado ao Brasil.

    Em nota em junho, o Itamaraty disse que havia contratado um médico para cuidar de Hamed e que conseguiu sua transferência da prisão em Nablus para uma em Ramallah, com melhores condições.

    Nadia diz que, com a libertação, "as coisas ficaram mais complicadas". "Ele estava há mais de cem dias em greve de fome. Precisa de um hospital. Queríamos ter buscado ele e levado a um médico."

    Nadia é filha de palestino e nasceu em Catanduva, São Paulo. Ela imigrou para a Cisjordânia aos 19 anos, onde se casou e teve quatro filhos. Apenas Islam e o irmão Bilal têm a cidadania brasileira.

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