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    Em meio a violência, líder do Burundi é reeleito pela 2ª vez

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    25/07/2015 02h00

    Após meses de protestos violentos que deixaram o Burundi à beira do conflito civil, a comissão eleitoral do país anunciou nesta sexta (24) a reeleição do presidente, Pierre Nkurunziza para um controverso terceiro mandato.

    Favorito na eleição de terça (21), boicotada por partidos da oposição, Nkurunziza recebeu 69% dos votos. Seu principal rival, Agathon Rwasa, recebeu 19% dos votos e acusou o governo de atrapalhar sua campanha.

    A onda de violência no Burundi se intensificou após Nkurunziza anunciar, em abril, sua intenção de concorrer a um terceiro mandato consecutivo, vetado pela Constituição do país.

    Revoltada, a população tomou as ruas da capital, Bujumbura, em protestos reprimidos pela polícia com com tiros de armas de fogo, gás e jatos d'água. Em maio, militares de alto escalão tentaram promover um golpe de Estado, mas fracassaram.

    "As autoridades do Burundi reprimiram manifestações como se fossem uma revolução", disse nesta quinta (23) a organização Anistia Internacional.

    Burundi

    Os EUA, a União Europeia e líderes de outros países africanos pediram que as eleições fossem adiadas devido à instabilidade no país e à controvérsia sobre a legalidade do terceiro mandato.

    "A legitimidade do processo eleitoral no Burundi foi manchada (...). Dezenas foram mortos e até 167 mil burundineses estão hoje refugiados em países vizinhos", disse o Departamento de Estado em comunicado dia 21.

    Por sua vez, o governo alega que o pleito foi regular e que o terceiro mandato de Nkurunziza é constitucional, pois ele foi eleito na primeira vez, em 2005, indiretamente.

    Phil Moore/AFP
    Homem enterra corpo do opositor Emmanuel Ndereyimana, assassinado, em Kimana
    Homem enterra corpo do opositor Emmanuel Ndereyimana, assassinado, em Kimana

    Após o anúncio do resultado, não houve protestos nem comemorações em Bujumbura. Menos de 30% dos eleitores da capital compareceram às urnas, contra uma média nacional de 73%.

    A oposição afirmou que não reconhece o resultado da votação, acusando o governo de intimidar seus membros e a mídia não oficial.

    VIOLÊNCIA

    A violência dos últimos meses deixou pelo menos cem mortos e levou mais de 170 mil pessoas a se refugiarem em países vizinhos, segundo a Organização das Nações Unidas.

    Na quarta-feira (23), o opositor Emmanuel Ndereyimana foi morto diante da casa de seus pais, na região de Kinama. Segundo testemunhas, os responsáveis pela ação foram militantes de uma organização de juventude que apoia o governo.

    O Burundi enfrenta a sua maior crise desde o fim de uma longa guerra civil entre os grupos étnicos Hutu e Tutsi, em 2006, que deixou centenas de milhares de mortos.

    Antiga colônia da Alemanha e da Bélgica, o Burundi é hoje uma das nações mais pobres do mundo, com PIB per capita de apenas US$ 900 (R$ 3.006) anuais, à frente somente de quatro países.

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