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    Institutos de pesquisa são contestados às vésperas de primárias na Argentina

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    03/08/2015 02h00

    Uma chuva de pesquisas eleitorais chega a público na Argentina, faltando menos de uma semana para as primárias em que serão definidos os candidatos que vão concorrer à Presidência do país.

    Mas, neste momento, os institutos de pesquisa também estão sendo postos à prova no país.

    Na última quinta (30), a Justiça eleitoral alertou os institutos para a obrigação de informar os dados técnicos dos levantamentos, assim como seus contratantes.

    A norma é semelhante à exigida no Brasil, mas, segundo a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, não estava sendo cumprida. Apenas 8 dos 35 institutos registrados informaram à autoridade os levantamentos que fizeram nas eleições deste ano.

    Políticos que se sentiram prejudicados por pesquisas de intenção de voto recentes colocaram em xeque a honestidade de algumas sondagens eleitorais.

    A crítica apareceu após a eleição na cidade de Buenos Aires, há duas semanas.

    As pesquisas apontavam que o PRO de Mauricio Macri, atual chefe de governo da capital, venceria com folga a eleição, com uma vantagem de mais dez pontos percentuais. O resultado, porém, mostrou que a disputa foi acirrada, com o segundo colocado, Martin Lousteau, apenas três pontos atrás do vencedor.

    A deputada Elisa Carrió, apoiadora de Lousteau, chegou a afirmar que os pesquisadores deveriam ir presos. E o deputado Roy Cortina, que chefiou sua campanha, propôs um projeto de lei para proibir a divulgação de pesquisas nos 15 dias antes da eleição, com o objetivo de evitar a manipulação do eleitorado.

    "As pesquisas podem influir, mas não manipular a opinião das pessoas", afirma o sociólogo Jorge Giacobbe Filho, diretor do instituto Giacobbe y Asociados, que faz pesquisas eleitorais. "O problema não é perguntar, é mentir."

    Segundo ele, a questão a ser coibida é o "nível de corrupção de alguns pesquisadores", que apresentam trabalhos ao gosto do freguês.

    "Quando o kirchnerismo chegou ao poder, alguns institutos simpáticos ao governo chegaram a verificar uma popularidade de 92% do ex-presidente Néstor Kirchner. Nós medimos a popularidade do papa Francisco e ele tem 88%. Seria Kirchner mais popular que Francisco?", questiona.

    "Isso prejudica os institutos de pesquisa sérios, que são colocados no mesmo saco quando essa discussão começa", diz.

    Neste domingo (2), pesquisa de um outro instituto, a Poliarquía, divulgada no jornal "La Nación", indica que o candidato do governo de Cristina Kirchner leva vantagem entre o eleitorado.

    Daniel Scioli teria entre 38% e 41% das intenções de voto, seguido por Macri, com 26% a 29%, e Sergio Massa, com 14% a 17%. A pesquisa foi feita entre o dia 22 e a última quinta (30).

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