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    Candidatos a diplomata erram questão que apresenta Brasil como corrupto

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    07/08/2015 16h37

    Os "altos níveis de corrupção" no Brasil e "a importância das relações pessoais" são desafios apontados pelo governo do Reino Unido para realizar negócios no país. Verdadeiro ou falso?

    A afirmação —correta, segundo o gabarito oficial— é motivo de polêmica entre os concorrentes da prova do Instituto Rio Branco, para ingresso na carreira diplomática.

    Eduardo Valente/Frame/Folhapress
    Vista do Palácio Itamaraty em Brasília; prova para diplomatas mostra questão sobre corrupção no Brasil
    Vista do Palácio Itamaraty em Brasília; prova para diplomatas mostra questão sobre corrupção no Brasil

    Em meio à investigação do maior esquema de corrupção no país, e do empenho do governo para evitar que o tema contamine a agenda do Executivo, muitos viram a afirmação com ressalvas.

    "Marquei E [errado] pois achei pouco diplomáticas as afirmações", ponderou um candidato em fórum sobre a prova, aplicada no último fim de semana. "Deixei em branco com bastante convicção", disse outro concorrente.

    No entanto, essas dificuldades, além da "complexidade do sistema fiscal" brasileiro, a "a alta carga tributária" e "as longas viagens e variações culturais" estão de fato listadas em site do Ministério de Comércio e Investimento do Reino Unido direcionado a potenciais exportadores.

    De toda forma, a avaliação de candidatos e especialistas é de que o tema extrapola o conteúdo previsto no exame e não reflete o discurso oficial de ambos os países.

    "A prova está, muitas vezes, desvinculada da atuação diplomática brasileira", afirma Priscilla Negreiros, professora de política internacional do cursinho preparatório Ideg. Para ela, o exame tem um nível de detalhamento "exacerbado".

    "Esse item usa um documento unilateral e termina prejudicando o candidato que conhece o discurso diplomático", diz um candidato.

    Professores do JB, outra escola focada no concurso de diplomata, também criticam a frase, vista como "politicamente incorreta". O candidato que marcou a sentença como certa, avalia o cursinho, adotou uma posição oposta ao que se espera dele: uma atitude diplomática.

    Responsável pela elaboração das questões, o Cespe informou que os candidatos possuem "canal adequado para apresentação de argumentos" - a fase de recursos se encerrou na última quinta-feira (6). A previsão é que até o fim do mês seja divulgado o gabarito definitivo.

    Procurado, o Ministério das Relações Exteriores disse que não comentaria a questão porque o concurso ainda está em andamento. Para a pasta, o conteúdo hoje cobrado no processo seletivo para a carreira diplomática é adequado.

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