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    Primárias para a Presidência testam poder do kirchnerismo na Argentina

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES
    SYLVIA COLOMBO
    DE SÃO PAULO

    09/08/2015 02h00

    Os argentinos irão às urnas neste domingo (9) para começar a decidir quem será o sucessor de Cristina Kirchner, cujo segundo e último mandato termina em dezembro.

    Nesta etapa, chamada de Paso (sigla para Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias), ficam definidos os candidatos que se enfrentarão no primeiro turno da eleição, em 25 de outubro.

    Marcos Brindicci/Reuters
    Cartazes de Daniel Scioli, Mauricio Macri e Sergio Massa são pendurados em La Matanza, na Argentina
    Cartazes de Daniel Scioli, Mauricio Macri e Sergio Massa são pendurados em La Matanza, na Argentina

    Os principais competidores estão praticamente definidos. O da situação –o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli– se apresenta sozinho na primária de seu partido, o Frente para a Vitória.

    A principal força opositora, a frente Cambiemos [Mudemos], terá três candidatos, mas as pesquisas dão ampla vantagem para que o chefe de governo de Buenos Aires (equivalente a um "superprefeito"), Mauricio Macri, vença os representantes da tradicional UCR (União Cívica Radical) e a Coalizão Cívica.

    A aliança entre esses partidos de oposição dará a Macri acesso ao aparato nacional da UCR, fazendo com que tenha chances de vencer Scioli, apoiado pelos kirchneristas e hoje favorito.

    Eleições na Argentina

    Pesquisas divulgadas nos últimos dias mostram uma diferença pequena de intenções de voto entre Scioli (com cerca de 35%) e Macri (com cerca de 29%).

    "Caminhamos para um praticamente inédito segundo turno", diz o analista Patricio Giusto. Na última vez em que isso ocorreu, em 2003, Carlos Menem desistiu do pleito, fazendo com que Néstor Kirchner (1960-2010) se elegesse com apenas 22% dos votos.

    "Se Scioli tiver de disputar o segundo turno, o jogo pode virar, pois Macri tem mais capacidade de reunir o voto antiperonista", afirma Giusto.

    Para sair vitorioso já no dia 25 de outubro, Scioli precisa de 40% dos votos e uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo lugar.

    "Ninguém coloca em dúvida quem vai ganhar nas primárias", diz Luis Costa, diretor do instituto Ipsos. "Mas nenhum instituto mostra Scioli com 40% dos votos", afirma o analista.

    Se houver necessidade, o segundo turno ocorrerá em 30 de novembro.

    Para o analista Rosendo Fraga, a diferença de votos que será mostrada neste domingo será definidora para a campanha. "Se a soma de votos da aliança Cambiemos ficar a cinco pontos ou menos de Scioli, Macri fará com que seja crível o segundo turno."

    Scioli chegou a ter nove pontos de vantagem. O discurso muito identificado com o governo em meio a um escândalo envolvendo o chefe de gabinete da Casa Rosada, Aníbal Fernández, pode ter afetado a imagem de Scioli.

    Acusação feita pelo programa do jornalista Jorge Lanata afirma que Fernández estaria envolvido em um caso de tráfico de efedrina (matéria-prima para drogas sintéticas) e assassinato.

    A economia também não vem ajudando. O dólar subiu mais de 10% no último mês.

    "A campanha de Scioli adotou um tom excessivamente militante, que desagradou os segmentos independentes, que não são nem kirchneristas nem antikirchneristas", avalia Luis Costa.

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