Megyn Kelly abriu seu programa na Fox News, segunda-feira (10) à noite, falando dos ataques pessoais de Donald Trump contra ela desde o debate presidencial republicano na semana passada, ainda que não tenha se referido a uma declaração do candidato que muita gente interpretou como referência ao seu ciclo menstrual.

"Certamente não vou pedir desculpas por fazer bom jornalismo, e por isso continuarei a fazer meu trabalho sem medo ou favorecimento", ela disse aos telespectadores em uma breve declaração na abertura de seu programa "The Kelly File".

"Esse ramo é difícil", ela acrescentou, "e agora é hora de seguir adiante".

Kelly afirmou que não responderia diretamente a qualquer dos numerosos insultos e declarações depreciativas de Trump sobre ela.

Trump e muitos de seus seguidores deflagraram uma campanha contra Kelly e a Fox News na mídia social, desde que ela o interpelou diretamente, no debate, sobre sua descrição das mulheres como "porcas", "cadelas" e "indolentes".

Nos dias que se seguiram ao debate, ele recorreu ao Twitter e deu entrevistas em numerosos programas noticiosos para zombar de Kelly e questionar seu profissionalismo —tática que Trump emprega com frequência com relação a pessoas que o desafiam.

O comentário que transformou o episódio entre eles em uma furiosa disputa política —e resultou em críticas a ele por muitos dos seus adversários na busca da indicação presidencial republicana— foi Trump ter declarado que Kelly estava tão zangada que "dava para ver o sangue saindo de seus olhos, o sangue saindo de alguma parte dela" (from her whatever, no original). Muita gente entendeu a declaração como uma referência à menstruação, o que Trump negou.

Trump conversou com Roger Ailes, o presidente do conselho da Fox, sobre a situação, na segunda-feira, em um contato que Ailes descreveu como "franco mas cordial".

"Discutimos as nossas preocupações, e voltei a expressar minha confiança em Megyn Kelly", ele disse, acrescentando: "E os desentendimentos ficaram para trás".

Tradução de PAULO MIGLIACCI