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    Governo da Venezuela liberta general dissidente acusado de corrupção

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    13/08/2015 08h00

    O general Raúl Baduel, que foi um dos mais próximos colaboradores do então presidente Hugo Chávez (1999-2013) antes de se tornar dissidente, foi libertado na noite desta quarta-feira (12) da prisão, onde estava detido havia seis anos sob acusação de corrupção.

    Baduel cumprirá em regime de liberdade condicional o período de um ano e meio restante de sua pena. Ele está proibido de falar com a imprensa e de sair do Estado de Aragua (centro-norte), e deve se apresentar ao tribunal a cada semana.

    "Ele está reunido com a família, muito feliz e sereno para continuar defendendo suas convicções", disse à Folha Omar Tosta, advogado do general.

    Pablo Ramos/Reuters
    Raúl Baduel (centro) posa para foto ao lado da família em sua casa em Maracay logo após ganhar a liberdade condicional
    Baduel (centro) posa ao lado da família em sua casa em Maracay logo após ganhar liberdade condicional

    A libertação de Baduel acontece um dia após autoridades concederem regime de prisão domiciliar a outro adversário do governo, o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos, detido havia mais de um ano por instigar protestos em 2014.

    Isso indica um possível aceno apaziguador por parte das autoridades a menos de quatro meses da eleição parlamentar de 6 de dezembro, na qual o governo do presidente Nicolás Maduro, sucessor de Chávez, chega com popularidade inferior a 25%.

    "Sinto que a pressão internacional contra as violações de direitos humanos cometidas pelas autoridades venezuelanas e o tamanho da crise levaram o governo a tomar essas medidas tão importantes", afirmou Tosta.

    "Espero que isso seja a abertura de uma janela pela qual sairão todos os presos políticos."

    A Justiça venezuelana ainda mantém dezenas de opositores na prisão, entre eles Emilio Baduel, filho do general, e Leopoldo López, líder do partido Voluntad Popular. Ambos foram presos por apoiarem as manifestações do ano passado.

    O caso de Baduel é um dos mais emblemáticos em matéria de dissidência nas fileiras chavistas.

    O general era íntimo de Chávez -também militar- desde 1982. Em 2002, Baduel foi um dos articuladores do movimento civil e militar que derrotou uma tentativa de golpe de Estado contra o então presidente Chávez, bancada por empresários com apoio dos EUA.

    A ruptura ocorreu em 2007, quando Baduel entregou o cargo de ministro da Defesa por discordar de um projeto de reforma constitucional que pretendia aumentar poderes presidenciais e decretar a Venezuela como Estado socialista.

    Denunciada por Baduel, que se tornou então um dos maiores críticos de Chávez, a proposta foi rejeitada pela população em referendo, numa das derrotas mais traumáticas para o chavismo.

    Em 2009, o governo prendeu Baduel sob acusação de ter desviado milhões de dólares do orçamento militar.

    No ano seguinte, a Justiça o condenou a oito anos de prisão -um deles cumprido antes da sentença.

    O general sempre clamou inocência e se disse vítima de represália política por ter rompido com Chávez, que morreu em decorrência de um câncer em 2013, após 14 anos no poder.

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