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    Colombiano quase perde carro após emprestá-lo para funeral de Chávez

    SIBYLLA BRODZINSKY
    DO "THE GUARDIAN"
    EM BOGOTÁ, COLÔMBIA

    18/08/2015 07h00

    Luis Fernando Arango emprestou seu Lincoln para o governo da Venezuela em 2013. O que aconteceu depois foi uma série de contratempos e a necessidade de comprá-lo de volta por US$ 60 mil (hoje, R$ 210 mil).

    Quando um colega do ramo funerário ligou da Venezuela e pediu emprestado o carro fúnebre envidraçado para o funeral do presidente Hugo Chávez, em 2013, o agente funerário colombiano Luis Fernando Arango não pensou duas vezes em enviar seu veículo mais elegante.

    "Havia um interesse especial da Venezuela em mostrar o caixão, e eu tinha um carro funerário com laterais de vidro que era perfeito para isso", disse Arango, diretor da casa funerária San Vicente, em Medellín, que concordou em emprestar seu Lincoln personalizado, ano 98.

    "Fiquei feliz em fazer isso. Sentia que estava participando de um momento histórico", diz.

    No entanto, depois de carregar o corpo do extravagante e controverso Chávez em um cortejo pelas ruas apinhadas de Caracas, rumo ao seu destino final de descanso, o carro fúnebre de Arango terminou sendo considerado contrabando e foi vendido em um leilão público.

    TRÂMITES BUROCRÁTICOS

    Assim que concordou em emprestar o veículo, Arango disse que um avião da Força Aérea venezuelana chegou ao aeroporto de Medellín para buscar o Lincoln. No entanto, na pressa de levar o carro para Caracas e dar início às cerimônias fúnebres, alguns dos documentos necessários para fazer a exportação temporária do veículo de forma legal ficaram sem as devidas assinaturas.

    "O governo estava facilitando tudo, então pensei que não haveria problemas", disse.

    Ao assistir ao cortejo fúnebre, Arango disse que sentiu orgulho em saber que seu carro estava transportando uma figura histórica, em meio às dezenas de milhares de pessoas reunidas para lhe prestar homenagem.

    Durante seis meses depois do funeral, Arango negociou com o governo da Venezuela e com oficiais militares para tentar lhes vender o carro, que se tornaria peça de museu.

    Mas eles nunca chegaram a um acordo, segundo Arango. "Então eles me disseram que eu poderia ir buscar o carro na fronteira em Cúcuta".

    BLOQUEIO

    Foi quando os problemas de Arango começaram. Como a papelada não havia sido concluída corretamente quando o carro saiu do país, a aduana da fronteira colombiana não quis deixar Arango trazê-lo de volta. Ele chegou a convencer os agentes de que os documentos estavam em Medellín e que ele iria colocá-los em ordem por lá.

    Mas, antes de que pudesse fazer isso, autoridades apreenderam o carro como contrabando e o venderam em um leilão público. Arango, legalmente impedido de participar do leilão, fez seus lances por meio de um terceiro. O preço inicial foi de cerca de US$ 10 mil, mas um colecionador começou a subir o valor das propostas.

    "Ele pensou que poderia vender o carro para os venezuelanos, para um museu, sem saber que eles já haviam se decidido contra a ideia", disse Arango.

    A batalha pelo veículo elevou o preço para aproximadamente US$ 45 mil, quando Arango desistiu de participar. No mês passado, ele comprou o carro de volta, do homem que ganhou a guerra dos lances, por US$ 60 mil.

    "Não é justo ter que comprar o que já é seu", diz Arango. "Mas foi importante recuperar o carro, pelo seu valor histórico."

    Ter o carro fúnebre que transportou o caixão de Chávez está sendo bom para o negócio de Arango. "Tem gente que vem aqui e pede especificamente esse carro para o funeral dos seus entes queridos", disse.

    No entanto, Chávez foi uma figura controversa tanto em sua Venezuela natal como na vizinha Colômbia, e, de acordo com Arango, outros clientes disseram que nem mortos entram no carro de Chávez.

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