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    Estado Islâmico decapitou ex-chefe de arqueologia de Palmira, afirma Síria

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    19/08/2015 10h25

    O diretor de Antiguidades e Museus da Síria, Maamum Abdelkarim, disse nesta quarta-feira (19) que o Estado Islâmico decapitou Khaled al-Assad, 81, ex-chefe de antiguidades de Palmira entre 1963 e 2003.

    A cidade famosa por suas ruínas do Império Romano foi dominada pela milícia radical em maio. A morte do arqueólogo foi noticiada pela imprensa estatal e pelo grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos.

    AFP
    Imagem divulgada pela Sana mostra o arqueólogo Khaled al-Assad, morto na terça-feira em Palmira
    Imagem divulgada pela Sana mostra o arqueólogo Khaled al-Assad, morto na terça-feira em Palmira

    Assad, que não tem parentesco com o ditador Bashar al-Assad, era um dos principais arqueólogos da Síria. Abdelkarim diz que o especialista foi capturado em julho, junto com o filho, Walid, o atual diretor de antiguidades da cidade.

    Os milicianos buscavam uma quantidade de ouro que supostamente os dois guardavam, que não foi encontrada. Dias depois, Walid foi liberado pelo Estado Islâmico porque sofria de uma doença crônica nas costas.

    A facção radical, porém, manteve Khaled preso. Na tarde de terça-feira (18), ele teria sido morto em Palmira. A mídia estatal e o Observatório Sírio de Direitos Humanos dizem que ele foi decapitado frente a dezenas de pessoas.

    Imagens obtidas por ativistas da oposição síria, cuja autenticidade não foi comprovada, mostram o corpo que seria do arqueólogo ao lado de uma das colunas romanas da cidade histórica da Síria.

    Nelas, também aparece um cartaz em que os extremistas o acusam de ser um partidário do regime sírio, por ter ido a encontros no exterior "com infiéis", e de ser o diretor de ídolos de Palmira.

    O Estado Islâmico não fez reivindicação da morte do arqueólogo. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições ao trabalho dos jornalistas na Síria.

    ESPECIALISTA

    Formado em história e pedagogia pela Universidade de Damasco, Khaled al-Assad escreveu livros e artigos acadêmicos sobre Palmira. Na cidade, descobriu diversos cemitérios antigos, incluindo um nos jardins do museu da cidade.

    "Imagine só que um especialista deste tipo que deu tamanha contribuição para este lugar e a história seria decapitado e seu corpo ficaria pendurado em uma das colunas antigas no centro de uma praça de Palmira", disse Abdulkarim.

    Além dele e de Walid, eram arqueólogos o filho, Mohammad, e seu genro, Khalil Hariri, que ajudaram na recuperação de 400 peças de antiguidade depois que os extremistas tomaram a cidade.

    Em entrevista à Associated Press, Khalil lamentou a morte do sogro. "Por que eles o mataram? Esta campanha busca nos levar de volta à pré-história, mas eles não vão conseguir", disse.

    Desde que o Estado Islâmico chegou a cidade, a maior parte das ruínas permaneceu intacta. A única relíquia destruída foi a estátua de um leão, que teria sido feita no século 2º e estava na porta do museu. A milícia chegou a dizer que preservaria os tesouros arqueológicos.

    A comunidade internacional teme que a milícia radical destrua os tesouros arqueológicos, assim como feito em Mossul, no Iraque. Para os extremistas, as ruínas devem ser destruídas por representarem uma forma de idolatria.

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