• Mundo

    Saturday, 18-May-2024 14:17:09 -03

    ANÁLISE

    Documento militar de Israel expõe pontos da estratégia de defesa

    MÁRIO CHIMANOVITCH
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    20/08/2015 07h00

    Israel talvez seja um dos países do mundo onde o culto ao segredo se rivaliza com a devoção de suas seitas religiosas mais fanáticas.

    É diante dessa assertiva que o país acaba de surpreender os analistas políticos e militares que se debruçam sobre as questões do Oriente Médio ao expor, através de um documento elaborado pela chefia do Estado-Maior de suas Forças Armadas, pontos anteriormente indevassáveis de sua estratégia de Defesa.

    O documento, de 33 páginas, das quais muitas continuam mantidas em segredo, intitulado "Estratégia das Forças de Defesa de Israel", foi dado ao público no último final de semana.

    E tudo indica que se trata de uma resposta às sucessivas exigências da opinião pública e de sucessivos governos por uma maior transparência.

    Esse paper sem precedente fixa os objetivos gerais e os métodos para materializá-los.

    Entre as suas linhas imperativas incluem-se a salvaguarda do status internacional de Israel, a correção de respostas inadequadas à ação de grupos terroristas e a proteção extrema contra os chamados ataques cibernéticos.

    Chuck Kennedy/Casa Branca/Divulgação
    Obama, Binyamin Netanyahu e soldados em frente ao lançador do Domo de Ferro, em Tel Aviv
    Obama, Binyamin Netanyahu e soldados em frente ao lançador do Domo de Ferro, em Tel Aviv

    Aos olhos dos analistas locais, o documento, na realidade, concentra referências oblíquas aos desperdícios verificados nas Forças Armadas, o prévio despreparo para fazer face à guerra cibernética e as falhas logísticas ocorridas na segunda guerra do Líbano onde táticas antiquadas foram empregadas.

    Não se trata de solucionar velhas questões, mas, sim, apontam os analistas militares, planejar para mudanças futuras.

    A necessidade por maior eficiência e apoio logístico, e o reconhecimento das atuais ameaças com que Israel se defronta, com a adição de uma quarta frente, ou seja, terra, mar e ar são agora acrescidos pela ameaça cibernética e integram o elenco desse guia estratégico que surge como resposta a esses desafios.

    OBJETIVOS

    O documento expõe, por outro lado, as ambições ou objetivos a serem preservados: assegurar a existência do Estado de Israel, mantendo seus valores como Estado judeu e lar democrático para o povo judeu; salvaguardar sua sociedade e economia robustas, reforçando o status de Israel perante o mundo.

    Aborda e enfatiza a necessidade de manter esses objetivos não apenas ante países hostis como Irã, Líbano e uma Síria que está se implodindo, mas também diante de grupos não estatais como Hizbollah, Hamas, Jihad Islâmica Palestina e Estado Islâmico.

    "Até o momento –o documento explicita– as Forças de Defesa de Israel têm se preparado para as guerras convencionais, em escala total –Exércitos contra Exércitos e nações contra nações– enquanto as respostas a essas organizações terroristas não estatais nunca foram adequadas por parte do Exército formal".

    Em suma, uma nova estratégia deve formular uma melhor compreensão das dificuldades em combater um inimigo que luta confundindo-se e assimilando-se entre as áreas civis densamente populadas afim de impedir que as Forças Armadas de Israel desempenhem as suas melhores habilidades de combate, diz o documento.

    Segundo o chefe do Estado-Maior, general Gadi Eisenkot, "as Forças Armadas devem manter seu status de serem tecnologicamente avançadas como poder militar".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024