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    Mercosul passa por uma crise muito séria, diz ex-subsecretário dos EUA

    DIEGO ZERBATO
    DE SÃO PAULO

    20/08/2015 20h27

    O ex-subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina Arturo Valenzuela disse nesta quinta-feira (20) que o Mercosul passa por uma crise muito séria.

    O professor da Univesidade Georgetown e funcionário dos governos Bill Clinton (1993-2001) e Barack Obama participou de palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.

    Susana Gonzalez - 20.out.2013/Bloomberg/Getty Images
    O professor da Universidade Georgetown Arturo Valenzuela participa de encontro no México em 2013
    O professor da Universidade Georgetown Arturo Valenzuela participa de encontro no México em 2013

    Para ele, o bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela passa por relações internas e brigas entre os participantes que inviabilizam as relações comerciais e os acordos financeiros com outros parceiros.

    "As relações internas entre os participantes são muito diferentes e as brigas internas prejudicam seu funcionamento. Dificilmente se avança [em uma integração] nestas condições."

    O ex-subsecretário defendeu a retomada das relações dos Estados Unidos com Cuba, em dezembro último, como o fim de um dos últimos resquícios da Guerra Fria.

    Ele afirmou que a discussão sobre a reabertura foi iniciada na década de 1990, durante o governo Bill Clinton, mas foi interrompida pela derrubada dos aviões da dissidência cubana pelo regime da ilha comunista, em 1996.

    "Não era este o desejo do governo cubano. Na época, os radicais de Havana tinham uma simbiose com os mais radicais de Miami", disse, em referência à dissidência cubana que mora na cidade americana.

    Sobre o Brasil, ele afirma que a relação com os EUA deveria ser mais próxima. "Nosso interesse é que o Brasil seja um país bem sucedido. Somos países muito afins, com valores muito compartilhados."

    VENEZUELA

    Assim como feito em entrevista para a Folha, Valenzuela voltou a defender a atuação de observadores internacionais nas eleições parlamentares na Venezuela, em 6 de dezembro. Como exemplo, citou a eleição mexicana de 1994.

    "O México passou por oito recontagens, sendo três do IFE [Instituto Federal Eleitoral], mas o processo permitiu que o governo formado tivesse legitimidade e um reconhecimento mais sólido pela comunidade internacional."

    Para Valenzuela, a mediação poderia ser feita por missões organizadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) ou pela OEA (Organização dos Estados Americanos). Na sua opinião, esta deveria ser fortalecida pelos países-membros.

    A participação do órgão panamericano em qualquer aspecto da crise venezuelana é rejeitada pelo presidente Nicolás Maduro. Em julho, o mandatário disse que a única função da OEA "é fazer golpes de Estado na região".

    O venezuelano e seus aliados, como o equatoriano Rafael Correa e o boliviano Evo Morales, consideram a organização um grupo a serviço dos interesses de Washington. Para Valenzuela, porém, esta discussão está superada.

    "Acabou a ideia de que a OEA seja o ministério de Colônias dos Estados Unidos. Ela concentra todos os tratados que existem na América e deveria ser fortalecida por seus países-membros."

    Ainda sobre Venezuela, o ex-subsecretário considera que o governo Bush errou ao defender o golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez, em 2002. Isso, segundo ele, aumentou o sentimento antiamericano na região.

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